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Artigos-->A Cobiçada Amazônia -- 27/10/2002 - 20:39 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A COBIÇADA REGIÃO AMAZÕNICA

( Por: Domingos Oliveira Medeiros)





Volto ao tema, enquanto há tempo. Não podemos ficar de braços cruzados, tentando adivinhar o que o governo estaria fazendo para proteger uma das maiores riquezas naturais do Brasil, a Amazônia, quando sabemos que, se algo estiver sendo feito, estará, muito provavelmente, bem aquém das necessidades e da grandeza daquele imenso pedaço de terra. Região, aliás, que vem sendo cobiçada desde o Século XVIII, quando os ingleses já manifestavam a idéia de que era uma grande injustiça toda aquela Região, tão importante para o mundo, pertencer apenas ao Brasil. No Século XIX, os norte-americanos iniciaram suas manobras e interesses na Região, que persistem até os dias de hoje.



Não faz muito tempo, na campanha à presidência dos EUA, tanto o candidato republicano, como o democrata, defenderam, em seus discursos, a transformação das dívidas dos países pobres, em troca de áreas de florestas tropicais, e a transformação do pantanal e parte do cerrado brasileiro em patrimônio da humanidade pela UNESCO.



E parece que nossos governantes não estão muito preocupados com isso. Haja vista que, há tempos, não se vê um tratamento mais contundente em relação à Amazônia, por parte de vários governantes. Ao contrário, o que eles têm apregoado pela televisão, quando tocam no assunto, é que a devastação da Amazônia estaria sobre controle



Segundo estudos de pesquisadores brasileiros e norte-americanos, divulgados no Correio Braziliense de janeiro de 2002, o governo estaria faltando com a verdade. A destruição da Amazônia já teria atingido níveis alarmantes, se comparados aos registrados nas décadas de 70 e 80. Ou seja, entre 1995 e 2000, a média de devastação anual estaria em torno de 1,9 milhão de hectares, o equivalente “a sete campos de futebol, por minuto”, diz a nota. A menos que esses estudos sejam forçados, seguindo interesses estrangeiros, para criar uma atmosfera desfavorável à permanência da Amazônia em mãos de quem, teoricamente, não sabe ou não se interessa em cuidar daquela região. Em todo o caso, falta maior transparência e divulgação de dados, por parte do governo, sobre o que de fato estaria sendo previsto e realizado para a Amazônia.



E o que existe de tanto interesse na Amazônia? Quase tudo. A própria vida. Basta dizer que 65% da biodiversidade tropical do planeta encontra-se na Região Amazônica, que é o grande regulador térmico das temperaturas do nosso planeta e onde está a maior concentração de biomassa. Rica em recursos minerais como o manganês, o ferro, o cobre, a bauxita, minerais radioativos, metais raros, pedras preciosas, ouro, cassiterita e tório, entre outros. Ainda tem os recursos energéticos como os afluentes do rio amazonas, que é o maior potencial hidráulico ainda não aproveitável em nosso país. E a própria floresta, com 5.400.000 quilômetros quadrados, um dos maiores reservatórios de madeira no mundo, a despeito de todo o contrabando de que tem sido vítima, principalmente de madeira de lei, como o mogno contrabandeado para a Inglaterra, recentemente descoberto. Resumindo, a flora e a fauna, riquíssima que estão ainda por merecer tratamento científico e tecnológico adequado.



E quais seriam os principais problemas da Amazônia? O contrabando, de quase todas as suas riquezas, como animais silvestres, madeira, minerais, bem como sua serventia como rota internacional para o narcotráfico, como esconderijo para produção e refino de cocaína, grilagens, elevada degradação em face de projetos de mineração e de garimpos mal executados, com poluição por mercúrio e desmatamentos e queimadas sem o uso de técnicas ou critérios ambientas condizentes e a biopirataria, onde empresas multinacionais copiam o conhecimento milenar dos índios e elaboram produtos sintetizados, que produzem lucros de bilhões de dólares, a custo zero, e que poderiam muito bem ser destinados aos governos brasileiros, se fossem mais capazes de cuidar do que é nosso.



A bem da verdade, nunca se viu ações pragmáticas e de longo prazo, por parte dos governos, no sentido de elaborar e por em prática uma política de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, isto é, o uso racional dos recursos oferecidos pela natureza, sem explorar além daquilo que seria necessário para a sobrevivência normal do ser humano, sem a preocupação com a acumulação de excessos com vistas ao lucro e à comercialização.



Infelizmente, as poucas ações que se fizeram naquela região foram de encontro aos princípios de desenvolvimento sustentável e, pior, ao arrepio das leis e da fiscalização de quem deveria zelar pelo ambiente. A matança indiscriminada de jacarés, para venda e contrabando do couro, em certa ocasião, colocou o jacaré na fila dos animais em extinção. Sendo o jacaré o principal predador de piranhas, houve o desequilíbrio do ecossistema. E a piranha, aumentando de número, passou a ser ameaça aos rebanhos de gado da área. Só foi o governo passar a controlar novamente a matança de jacarés, e controlar a exportação de couro, que o ecossistemas voltou ao normal. E assim deveria ser feito com todas as outras disfunções. Mas estas ações são isoladas. Frutos de muita pressão.



A realidade atual é bem outra. No Norte e Centro-Oeste do país, os rios são inundados com dejetos de milhares de toneladas de mercúrio, que atingem lagos, vegetação e a própria atmosfera. Não se passa um ano sem que seja presenciado a destruição de parte do país, fruto da ganância de algumas pessoas e de grandes empresas, sob o olhar conivente do governo, que só tem olhos para o sistema financeiro e o menu diário da economia, das variações cambiais, do movimento das bolsas e das subidas e descidas do dólar. A Amazônia parece esquecida. Aquela filha bonita que um dia, se a situação piorar, vamos ter que ceder aos olhos da cobiça e entrega-la de mão beijada ao primeiro noivo rico que aparecer.



É preciso criar uma nova mentalidade no trato das questões relativas aos recursos naturais, do mesmo modo como quem cuida dos animais em extinção. Alguém já disse que há certas coisas que dão a impressão que nunca vão acabar. E por isso a causa do desperdício. A água é bom exemplo. Hoje, 60% dos seres humanos vivem em regiões onde a escassez de água já é uma triste realidade. E não se vislumbra melhorias a curto prazo. Há outros tantos recursos naturais na mesma situação. O Brasil precisa acordar para a Amazônia.



Precisamos acabar com esta mania de extinguir os órgãos quando neles há evidências de corrupção. Não se mata o doente para curar a doença. O caso da SUDAM e da SUDENE é exemplo marcante. Órgãos de suma importância para os fins a que foram criados. Foram extintos por causa de descontrole na fiscalização, do mau caráter de alguns servidores públicos, sob a conivência e liderança de algumas autoridades.



Milhares de recursos foram roubados. Diversos programas que, em tese, iriam beneficiar as regiões inseridas no raio de ação daquelas superintendências, nem ao menos foram iniciados. Sendo que alguns projetos, que iniciaram as construções devidas, hoje são esqueletos que lembram e homenageiam o descaso e a impunidade que graça neste país. E o governo o que está fazendo, de fato e de direito ninguém sabe ao certo. Não há prestação de contas ao eleitorado, que os elegeram e que pagam a conta do desperdício. Com os juros da indignação e a correção monetária da vergonha.



Ninguém foi preso, nenhuma quantia foi devolvida aos cofres públicos e, o pior, alguns suspeitos ainda foram contemplados com as benesses da lei e, já nestas eleições, tentam retornar ao poder, quem sabe com que intenções, onde serão tratados, novamente, por vossas excelências.



Enquanto isso, ficamos sem a SUDAM, que tratava das questões da Amazônia, da SUDENE, responsável, pelas ações do chamado polígono das secas, da SUCAM, que cuidava das ações de campanhas de saúde pública, como o combate à dengue, por exemplo, do IBC, que tratava do nosso café, do IAA, açúcar e álcool, da SUDEPE, questões sobre a pesca, sem contar com o desmantelamento de toda a máquina pública, que começou com a extinção do órgão central, o extinto DASP, órgão que supervisionava, coordenava e controlava as ações dos órgãos do SIPEC, sistema de pessoal civil, relativas a recursos humanos (concursos, treinamento e remuneração), material e patrimônio, orçamento e finanças, auditoria de pessoal, e que tanto estava atrapalhando, tudo indica, as falcatruas que agora andam solta, como o escândalo dos anões do orçamento, fraudes em licitações públicas, tratamento remuneratório diferenciado entre servidores públicos, descaso e indiferença para com a classe, o que tem resultado na queda da qualidade dos serviços oferecidos.



Enquanto isso, cresce a nossa dívida interna e externa, acumulam-se os problemas relacionados com a Amazônia, e, tem-se a impressão de que, se fizermos um balanço desses quase oito anos de governo, a relação Custo/Benefício tende para zero em termos de realizações positivas.



Se não tomarmos cuidado, e do jeito que as coisas caminham, não me surpreenderia se alguma potência desse planeta, daqui para mais adiante, e uma vez terminado o “serviço” ou a “empreitada” junto ao Iraque, resolva procurar terroristas colombianos em plena selva Amazônica, sob o olhar temeroso de nossos governantes que, endividados até o pescoço, e sem representatividade junto à ONU e à comunidade internacional, quase nada poderão fazer.





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