Para matar a Saudade
E o Silêncio seu amante
Desceu o Fado à cidade
Com navalha e de rompante
De ciúme possuído
Pela traição da mulher
Foi-se logo ao ex-amigo
No velho Parque Mayer
Os artistas do passado
Acordaram aflitos
Com o pobre esfaqueado
Junto da Saudade aos gritos
No meio da algazarra
Daquela cena canalha
O Mestre Egídio com garra
Tirou ao Fado a navalha
A Milene com chalaça
A Lilian à maneira
E toda a gente da praça
Que a Saudade tinha à beira
Exigem sem vacilar
Ao Fado por causa boa
Para se deixar julgar
Pelo Maior de Lisboa
Surgiu então a sentença
Com palmas em comunhão
Que pôs fim à desavença
Com justiça e isenção:
Ficou o réu condenado
Se a Saudade quiser
A toda a vida de Fado
No velho Parque Mayer