O EREMITA
Requiem aeternam dona eis.
Antes que me seja entoado o hino fúnebre careço de paz e silêncio, saibam vocês.
Hoje, recolhi-me mais cedo do que costumo,eis que o corpo ferve à maldita eterna febre.
Lanço olhares de mal agouro ao espelho hirto quando me vejo, nu de alma e corpo.
Urro o desespero de sempre quando a imagem fito e enxergo-me tal qual homem já morto.
Rogo a Deus - então é o que me sobra,orações aprendidas na antiga infância.
Verbos soltos pedindo à Divina Obra o milagre de volver a ser criança.
Cansado, fecho os olhos marejados e ensaio o expirar dos moribundos, mas não morro e dessa insistente e conhecida sobrevida de ninguém
uma inquietação, senão cansaço, me irrita, (pois...)
impossibilitado de morrer a própria vida, teimosamente sou eu meu eremita.
[Oh! Por favor, comecem logo o réquiem...] |