Usina de Letras
Usina de Letras
25 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62306 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22541)

Discursos (3239)

Ensaios - (10398)

Erótico (13576)

Frases (50697)

Humor (20046)

Infantil (5466)

Infanto Juvenil (4789)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140835)

Redação (3311)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6217)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->...E O ARTISTA SERÁ MUITO BEM PAGO -- 26/10/2002 - 23:20 (COELHO DE MORAES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
...E O ARTISTA SERÁ MUITO BEM PAGO

-Coelho De Moraes-



A hora-trabalho do artista é uma hora impagável. Nela estão inseridos o ato criativo, o ócio criativo, as ruminâncias do misturar de idéias, a explosão da epifania criativa, em seguida, toda a ação em si: uma parte dessa ação é do próprio artista; a outra parte será a dos técnicos contratados ou não, será a dos executivos e burocratas e será a dos patrocinadores.

Há o artista e há o burocratas e há patrocinadores.

Em nossa “terra mea paulista e generosa” há a falsa idéia de que o artista é aquele ser que fará tudo aquilo que os gerentes do status quo mandar, sem reclamar, e cobrando pouco – se possível, nada. Exemplo: Tem pessoa que quer contratar um palhaço para sua promoções e compara o cachê pedido pelo artista com o que o trabalhador de roça ganha, como que dizendo: “ Se eu pago isso pra ele, por que vou pagar mais pra você, que é um serviçal igual”. Essa mentalidade exploradora é a mentalidade do colonizador. Sem querer desmerecer o trabalho do lavrador e da mulher ou homem do campo, o fato é que a ninharia que ganham nada mais é que o uso e abuso do agricultor que explora essa mão de obra barata.

Onde se planta a fome sempre haverá mão de obra barata.

Por isso e por outras é que o artista cobrará o cachê que lhe cabe. Só o artista sabe qual é o cachê que lhe cabe. Se as pessoas não conseguem entender isso, o artista receberá de qualquer maneira para executar seu trabalho, pois o artista é, também, um agente da educação, mesmo que não perceba. Exemplo: mesmo que a pessoa não goste de canto coral, ela terá que ouvir pois a civilização assim o manda. Se ela não gosta de teatro, não importa, ou ela ou a sociedade, pagarão para se montar peças, pois tudo isso faz parte de um projeto cosmopolita muito mais amplo. Se ela não se interessa por obras de literatura ou de vídeo, não faz mal, pois as leis de incentivo financiarão o trabalho do artista para que ele tenha e gaste tempo–muito tempo!- o suficiente para criar, errar, experimentar e executar seu trabalho e ainda pagar as suas contas e ainda buscar o conforto. Muito conforto!

O artista, o grande mestre do entretenimento, o educador por tabela, o polemista... empresários, leis e municipalidade servem para manter esse trabalho, já que o público não tem recursos para gastar em entretenimento. Vale lembrar que o poder de compra do público está intimamente ligado à exploração que passamos nesses últimos trinta anos numa clara coligação governoditador-empresariadOBAN-midiemgeral. Então, está na hora de se ressarcir o que deixaram de aplicar, financiando o ócio criativo do artista e seus sucedâneos.

Talvez a origem dessa falta de respeito tenha surgido em épocas de revolução industrial. De acordo com os mais eruditos dicionários, um clown era um palhaço, um bobo ou um campônio. Quando um campônio desses ficava obrigado a migrar para a cidade, em busca de trabalho mal pago, ele se tornava um mendigo mal-ajambrado, roupa rota... uma figura de riso. O palhaço cara-pintada com roupa de gente comum é o clown. Uma figura ridícula. Então, essa coisa de querer formatar um artista da maneira que formataram os camponeses e outros trabalhadores é uma idéia velha, dos grandes exploradores e colonialistas, oligarcas acostumados com a subserviência. A subserviência que a mídia ainda recebe de alguns escritores, como se pode ver em volta.

Sejamos nós palhaços, clowns, o que for, esse trabalho será pago, e muito bem pago. Alguns são aprendizes, outros estarão caminhando por vias claras, tendo como perspectivas o projeto futuro... cada um a seu tempo e seu momento. E nós artistas não atrelados a poder algum faremos os nosso projetos para desenvolvermos o nosso trabalho e ganharmos o nosso dinheiro.

Investir em cultura não é um favor. É obrigação.

E quando se investe de verdade, não se espera retorno em abatimentos de qualquer espécie.



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui