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cronicas-->Seu nome é...? -- 21/09/2004 - 00:48 (José Roberto S Câmara) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




SEU NOME É...?

Ando me ocupando com coisas sem importància tipo como nascem os apelidos.
Questão de utilidade. Nos primórdios, grandes cidades não passavam de meros aglomerados. Neste micro mundo, todos se conheciam pelo primeiro nome, daí a necessidade de diferenciação.
No interior, adjetivar as pessoas para diferencia-las deve ser herança desta prática primitiva. Conheço vários exemplos: Joãozinho do Lucas, Terezinha da Leda, Tião da Lívia, Maria dos Queijos, Severino da Ponte, João do Munho, Neuza do Açougue.... e por aí vai.
Não nascendo da necessidade de diferenciar - o que aliás é mais um epíteto que um apelido no sentido estrito - ele nasce porque remete-nos para um traço marcante do apelidado ou a um fato bizarro que lhe foi ou é conexo.
Existem até apelidos que se fizeram mais importantes que os nomes de seus donos. Conhecem um tal Pelé? Qual o nome do Zico?
Daí, fico aqui a lembrar apelidos que roubaram os nomes de alguns amigos, pelo menos dentro do restrito universo de cada um.
Conto umas histórias para vocês.

António, O Catinga
Morava no interior, cidade rural, quase uma aldeia.
No Salão Paroquial haveria um baile.
Aparou o cabelo, lustrou sapatos, cortou unhas, tomou banho, escovou bem os dentes, vestiu roupa domingueira, pós perfume e saiu mascando um cravo da índia. Se sentia o máximo.
Ansioso, chegou cedo. Ficou pela pracinha matando o tempo. Sentou-se no gramado por um tempinho. Essa foi sua ruína. Um cão havia passado por ali e se desfizera do aperto bem naquele ponto. Pior que a coisa tinha consistência de mingau!
António, com calça de brim muito grosso, não percebeu e foi.
Muito calor, o baile fedia infernalmente. Todos só comentavam uma coisa: ó catinga! ó catinga!
Um amigo o alertou mas já era tarde. Ao se descobrir a origem a noticia correu entre os presentes como um rastilho de pólvora.
António saiu apressado para casa com os meninos gritando de longe: ó catinga! ó catinga!
E o pobre, que até perfume usava, ficou sendo para sempre o Toninho Catinga.

Wellington, O Profeta
Tinha um bordão - "Eu sabia que isto ia acontecer!"
Podiam lhe dizer as coisas mais graves, simples ou estapafúrdias que ele vinha sempre com o mesmo bordão
- Wellington, Lucas caiu da moto
- Ah, eu sabia que....
- O Emerson conseguiu o emprego
- Ah, eu sabia que...
Ele só não sabia que isto lhe colocaria nos ombros, para toda a vida, o debochado apelido de Profeta do Acontecido.

Orfeu, O Regador
Óbvio este. Ninguém conseguia conversar com ele sem estar afastado, pelo menos, um metro.

Alexandre, O Porém
Se alguém lhe colocava algo, sempre via dificuldade e iniciava a descreve-la sempre com a mesma frase: "Mas tem um problema..."
Assim era também com seu chefe que, diante de mais uma ponderação desta, deu um murro na mesa e berrou:
- Escuta aqui! Se quando eu mandar, pedir, solicitar, sugerir ou o diabo que o valha, e você, pela enésima vez, colocar dificuldade dizendo "mas tem um problema", será d-e-s-p-e-d-i-d-o! ENTENDEU?
Uma semana transcorrida e Alexandre é chamado à chefia.
- Alexandre! Precisamos revisar as plantas elétricas da obra do DNER
Alexandre abriu a boca, aspirou para falar e parou bruscamente.
3 segundos e respondeu:
- Mas tem um porém...
Perdeu o emprego e ganhou um apelido.

Ricardo, O Aranha
Estive em sua casa recentemente. Recordamos o fato com muito humor.
Vive numa cidade do interior, cuja pujança vem dela hospedar uma grande universidade onde aportam acadêmicos dos 4 cantos do mundo.
Para explorar comercialmente a massa de alunos, principalmente estrangeiros, montou luxuosa boite no 8º e último andar de um prédio de alta classe. No 7º montou o escritório.
32 anos, casado, envolveu-se com uma estudante peruana, mais nova e mais bonita que a esposa - madura, brava e ciumenta até a alma - O escritório da boite ganhou mais uma função.
Sábado, 3 da tarde. Ele com a peruana no escritório. A coisa pegando fogo.
De repente uma grande gritaria e murros na porta, alarido que deve ter trazido todos do sétimo andar para os corredores. Era a esposa.
- Abra esta porta, vagabundo! Sei que está aí com aquela prostituta gringa! Abra seu desgraçado, filho-da-puta! Pam pam pam...
Aflito, suando de aperto, veste a roupa e sai pelo único caminho possível: A janela.
15 minutos depois, desembarca do elevador no 7º andar, simula se assustar com o alarido e vai aos gritos rumo a mulher, com ar de furioso:
- Que isto, Salete? Enlouqueceu? Bebeu? Que coisa horrorosa! Olha quanta gente! Você está me envergonhando, sua desequilibrada! JÁ PRA CASA!!!
Até 8 da noite ficou em casa carinhosamente confortando a esposa pela gafe que ela julgava ter cometido e da qual amargamente se arrependia. Por 4 ou 5 vezes pedira lacrimosas desculpas.
Só então pode ir libertar sua linda Inca, pois as chaves estavam no bolso da calça.
Mesmo hoje, nem ele sabe como reuniu coragem, agilidade e habilidade para descer 7 andares saltando de sacada em sacada e se agarrando em saliências e beirais.
Mas toda a cidade sabe bem porque seu nome, daquele momento em diante passou a ser Aranha, o Homem Aranha.
Mas poderia ser também o Cara-de-pau, penso eu.








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