Usina de Letras
Usina de Letras
15 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50671)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Cela de Aula - parte I -- 22/01/2007 - 20:50 (Valter Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nas noites de verão somos acometidos mais facilmente pela insônia. Numa dessas noites um homem, que eu não me lembro o nome agora, mas vou chamá-lo de Severino, estava deitado em sua cama - ou jega, como se diz na cadeia - prestes a passar o terceiro natal encarcerado. Severino era um homem de hábitos simples. Nasceu no sertão do Pernambuco numa cidade a cerca de 400km de Recife chamada São José do Egito, cidade com pouco mais de trinta mil habitantes e considerada a capital brasileira do repente. Severino nasceu numa família muito pobre que praticava a agricultura de subsistência. Não raros foram os momentos em sua vida em que a fome era figura constante no dia-a-dia de sua família. Aos dezoito anos veio a São Paulo para trabalhar numa fábrica de sapatos de um parente distante. Permaneceu na fábrica por três anos e, após esse período, começou a trabalhar como ajudante de pedreiro com um vizinho seu. Além de parceiro de trabalho Severino e Júlio tornaram-se grandes amigos. A sinuca e o dominó eram suas diversões preferidas. Logo Severino conheceu Lindaura, se casou e tiveram duas filhas. Em sua casa não havia luxo muito menos desperdício, mas o salário de ajudante de pedreiro de Severino e o dinheiro das faxinas de Lindaura eram suficientes para custear a vida humilde daquela família. Algum tempo se passou e um dia, quando uma das filhas de Severino tinha 13 anos e a outra 11, aconteceu algo que mudaria a vida daquela família. Severino estava próximo à sua casa quando encontrou com Júlio, seu amigo e companheiro de trabalho, na porta de um bar na esquina. Ao vê-lo Severino foi cumprimentá-lo. Júlio, em um alto estado de embriaguez, grita para Severino que estava do outro lado da rua:

-Fala meu fornecedor!

Quando Severino indaga a Júlio do que se tratava este desconversa e Severino segue rumo à sua residência. Ao entrar no corredor percebe a porta entreaberta e entra receoso. Percorre a pequena sala, que serve também de cozinha e, quando abre a cortina que dava acesso ao único quarto daquela diminuta casa, sente um estremecimento percorrer-lhe o corpo. Suas duas filhas estavam deitadas no chão ensanguentadas. A mais velha estava desacordada e quando Severino chegou próximo à mais nova percebeu que seu rosto estava desfigurado, porém mexia a cabeça e parecia querer dizer algo. Após algumas palavras desconexas ela conseguiu dizer:

-Pai, foi o Júlio. - E desfaleceu.

No mesmo instante Severino pediu a ajuda de uma vizinha que colocou as meninas num carro e as levou para o hospital. Severino não quis ir junto, precisava acertar umas contas.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui