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Cronicas-->OS QUE ESTÃO INDO -- 18/09/2004 - 13:05 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS QUE ESTÃO INDO

Francisco Miguel de Moura*



Nascido em Recife, em 1914, a notícia da morte, neste mês, do escritor Theobaldo Costa Jamundá me chegou pelo "Jornal do Enéas", de setembro/2004. Fiquei a pensar que estou velho. Meus amigos estão indo embora aos poucos. O velho Jamundá era uma criatura adorável. Quando estivemos, eu e minha mulher, em Florianópolis-SC, há cerca de dez anos, jantamos com ele e o velho nos contou as peripécias de sua vida, indo parar em Santa Catarina, onde se casou com D. Ruth Odebrecht e passou a estudar a terra de sua adoção. Estava inconsolável, tinha ficado viúvo há pouco tempo. Não se apartava de uma cachorrinha de estimação, com quem tiramos uma foto. Apresentou-nos o filho, levou-nos a passear, mostrando os pontos mais pitorescos e culturais: Academia de Letras, Conselho de Cultura, dos quais fazia parte, Universidades, dentre outros. Deixou-nos depois no hotel. Dia seguinte, viajávamos. Mas nunca esqueceu de me mandar seus livros, e escrever-me, ao que eu correspondia, nessa troca cultural e afetiva. Certa vez me disse que os amigos o estavam esquecendo, só escreviam de longo em longo tempo. E eu repliquei que os amigos nunca esquecem, quanto mais distantes mais lembrados. Escrevi numa crónica e publiquei no jornal. Fazia história e escrevia (pesquisas, Cronicas, poemas), levou-me para a Academia Catarinense de Letras como sócio-correspondente. Publicou artigos meus em revistas de lá. Era uma pessoa de alma boníssima como poucas, aquilo a que se denomina de bom caráter.
Agora não a sentirá mais solidão, pois, segundo a perspectiva do famoso Antoine de Saint-Exupéry "nunca há solidão entre os que morrem".
Jamundá escreveu muitos livros. Seu estilo era barroco, tinha uma maneira singular de dizer e escrever. Não vou enumerá-los, mas um dos mais famosos é a pesquisa que fez com o título de "Barriga Verde, Versões e Versões", ACEL, Florianópolis, 1989.
Ao Piauí veio pelos anos 80, conheceu A. Tito Filho e se tornaram amigos, sobre quem mais tarde viria a escrever uma biografia. Ele era assim, apaixonado pelo que gostava. Em 2001, a Academia Piauiense de Letras, quando era presidente o Prof. Santana, publicou-lhe "Feira de Teresina - Poemática Audiovisual para Olhos Mortais", um lindo poema sobre a "Cidade Verde" e sua paisagem geográfica e humana. Curto e certo. Fiz-lhe o prefácio. Talvez tenha sido esse o seu último livro publicado.
Um espírito forte, cuja força foi adquirida ao longo das batalhas nas quais se empenhou. Suas emoções não se resumiam àquilo que apenas busca a satisfação rasteira, rotineira das coisas materiais, mundanas, porque elas não podem ficar, jamais ficarão, morrem antes que o homem. Sua vida e sua obra foram exemplos. Sua alma, garanto, está em comunhão com o universo, sem medo de sentir solidão. Os amigos aqui é que estão solitários por sua falta.

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*Francisco Miguel de Moura é escritor.

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