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Artigos-->Oposição e educação -- 25/10/2002 - 18:45 (Marcelo Rodrigues de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Oposição e educação



Marcelo Lima





O Brasil vive problemas sociais graves. Educação, saúde, desemprego, corrupção, nepotismo, violência, tráfico de drogas. Mas de todos eles, o primeiro é o mais sério e o que pede soluções e mudanças rápidas.

Na nossa sociedade a grande maioria da população é analfabeta funcional, isto é, consegue assinar o nome mas não consegue interpretar ou escrever um texto. Os que estão na escola, têm que conviver com a falta de qualidade do ensino, com livros desatualizados, professores desmotivados e estrutura precária.

Diz a história do país que essa situação é muito cômoda, já que ajuda perpetuar famílias no poder por décadas no meio rural, e reeleger salvadores populistas nos centros urbanos.

Não é necessário um exercício mental muito complexo para entender como isso se dá. Um grupo social que não consegue ter raciocínio profundo sobre seus problemas, acaba por acreditar naqueles que têm compromissos com todos, menos com quem os elegeram.

Exemplos podem ser encontrados facilmente. Em São Paulo, Paulo Maluf saiu da prefeitura e conseguiu colocar Celso Pitta em seu lugar na penúltima eleição. Há oito anos o PSDB de Geraldo Alkimim está liderando o governo do Estado e ao o que tudo indica terá mais quatro anos.

Na Bahia, o clã de Antônio Carlos Magalhães elege e reelege quem quer que seja. No Rio, após quatro anos de governo, Antony Garotinho lança sua mulher que vence no primeiro turno. No Maranhão a família Sarney dita as regras há mais de cinqüenta anos.

Somente uma sociedade minimante educada pode avaliar seu voto e não mais creditar esses tipos de candidatos.

Mas para que isso ocorra, é necessária uma atitude radical. É precisa que surja uma ação que jamais foi feita no país: educar o povo. Do centro mais populoso à vila mais escondida, cada cidadão deve aprender a ler, escrever, interpretar e saber formar, por si só, juízo de valor.

Partidos de direita não tem esse objetivo, por motivos já expostos acima. Empresas só têm esse interesse se puderem usar isso como marketing. O terceiro setor, isto é, as ongs, são forças dispersas, logo desunidas, perdendo representatividade. Sobra a responsabilidade para os partidos de esquerda.

Muitos dirão que até estes são desunidos. Não é uma falsa afirmação. Mas para que a própria sobrevivência destes mesmos partidos seja assegurada, as pessoas precisam entender suas propostas e para que suas propostas sejam entendidas, as pessoas precisam saber pensar por si só.

Qualquer militante de esquerda sabe que sem educação não é possível fazer nada. Até mesmo uma revolução em um país de analfabetos está mais para golpe do que para libertação.

O que à esquerda vem fazendo durante os anos é colocar suas idéias de maneira simples o suficiente para que as massas possam entende-las e não se assustar com elas. Mas se o povo entendesse o socialismo em liberdade, tão defendido por Darcy Ribeiro, por exemplo, ele não pensaria duas vezes em escolher entre um capitalismo excludente e uma sociedade que realmente busca a liberdade de fato.

Possivelmente o Partido dos Trabalhadores vencerá a eleição presidencial. Durante os quatro anos que se seguirão, ele terá que investir em educação como nunca foi feito. Não só em tirar crianças da rua e coloca-las na escola, o que já é um grande feito. Mas também repensar a qualidade da educação. Só assim poderá se fazer entender claramente entre todos.

Esse passo é grande, mas o PT é o maior partido de oposição da América Latina. Grandes conquistas exigem grandes responsabilidades.

Outros partidos de esquerda, como o PSTU e o PCO, que surgiram do PT, por não concordarem com algumas posições e o PC do B, também devem pensar muito na questão educação e conscientização política. Nada impede que eles tomem para si essa responsabilidade, mesmo não tendo eleito a quantidade de pessoas que desejavam.

Por mais que isso pareça estranho, isto é, colocar nas mãos de um partido a responsabilidade da educação, não o é. Se pensarmos que o governo atual não se preocupa com isso, que as escolas não estão educando como deveriam, que a mídia não cumpre seu papel social e que é esse conjunto que torna a ignorância política mais evidente, por que não um partido que prega mudança, tomar a frente deste problema?

Isso não significa invadir escolas e colocar militantes no lugar dos professores. Significa abrir espaço nos próprios partidos, nas suas sedes ou conseguir alguma ajuda logística para a realização do mesmo. Ensinar a ler, se for o caso; explicar como entender economia e política; dar aulas sobre direito trabalhista, direitos do consumidor; aulas de história, aquela que não é ensinada nas escolas. E muito mais.

Foi nisto que o PT errou desde sua fundação. Talvez se tivesse trabalhado desde o começo com educação, não teria de ouvir dos outros que esse é o partido da baderna ou que Lula não passa de um semi-analfabeto. E isso conta voto nas eleições.

Independente de vencer ou não esta eleição, o PT precisa repensar sua função social para essa questão. Não só ele, mas todos os outros partidos que pregam mudanças honestas para a população.





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