- O que você ta fazendo aqui na praça?
- Vim resolver um negócio?
- Que negócio?
- No fórum.
- No fórum? - O que que você fez?
- Nada!
- E o que você ta fazendo no fórum?
- Olhando um dinheiro que meu pai deixou.
- Que dinheiro?
- Quando ele era vivo ele entrou na justiça?
- E daí?
- Você sabe como é advogado...
- Ele quer que a minha mãe assine uma procuração.
- E que tem isso?
- A minha mãe não vai assinar nada.
- Por quê?
- Porque ela é doente.
- Eu sei.
- E o advogado vai querer enrolar ela.
- Mas, e se ele for gente boa?
- Eu não to acreditando nele não.
- É muito dinheiro?
- Uns cento e cinquenta mil.
- Uma grana boa!
- Dá até pra comprar uns cabritos, não dá?
- Claro! Dá pra comprar um monte de coisa.
- É eu to pensando em comprar aquela casa perto da sua casa.
- É a casa é boa, mas você não vai mora lá não.
- Por quê?
- Chega de doido na minha rua!
- Eu to pensando em juntar com uma “nega”.
- Aquela loirinha?
- É, mas pensando bem eu não vou comprar aquela casa não.
- Depois, você me toma ela.
- Ela quem? A casa ou a namorada?
- A namorada.
- Você pirou!
- Não.
- E esse guarda-chuva aí?
- Você nem imagina a confusão que deu esse guarda-chuva!
- Que confusão?
- Eu fui no banheiro da rodoviária hoje cedo e entrei pra mijar, só tinha eu e o cara que toma conta do banheiro, deixei o guarda-chuva em cima da pia e fui mijar.
- Quando eu voltei o guarda-chuva sumiu.
- Então eu perguntei pra ele – Você viu o meu guarda-chuva?
- Ele disse que não.
- Fui pra casa, busquei outro guarda-chuva.
- Pensei, ele me roubou o guarda-chuva.
Voltei na rodoviária e perguntei ao rapaz que toma conta do guarda-volumes.
- Aquele rapaz que trabalha no banheiro deixou algum guarda-chuva aqui?
- E ele me respondeu: – deixou!
- Eu posso ver?
- Pode.
- Eu chamei a polícia.
Levei o polícia lá no banheiro e disse para o rapaz.
- Rapaz! Você sabe que você pode perder o seu emprego.
- E ele ficou calado.
- Rapaz! Você não pode fazer isso!
- E a polícia prendeu o rapaz?
- Não, eu não deixei, mas falei pra ele - rapaz não faça mais isso!
- Eu vou ficar aqui.
- O que você fazer nesta casa?
- Procurar o advogado.
- Tchau!
- Um abraço, se eu fechar o negócio da casa eu te falo!
- Nem pensar! Chega de doido na minha rua.
Autor: Marco Túlio de Souza
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