Enfim, ao cabo de 65 anos à superfície da vida, concluo que o humano vai indo na estrada do amor consoante pode. A diversidade dos afectos, porque inexoravelmente se confunde, acaba por traduzir em súmula uma ideia bastante deprimente e trágica sobre o resultado final do amor, o qual para mim é tão só um sentimento que impele a tudo dar sem prévia intenção de contrapartida.
Ocorre-me aqui recordar o mais penível momento sentimental da minha vida, andava eu pelos 31 anos, quando tive de decidir-me sobre a ruptura de uma ligação com alguém que se me doava integralmente, mas a quem eu de facto não amava.
Vezes sem conta me arrependi por ter abandonado abruptamente aquela que tudo fez e deu de si para se consorciar comigo. Chamava-se Amélia, ainda é viva à data deste escrito e nunca contraiu matrimónio, constituindo uma das raríssimas pessoas a quem eu pediria perdão de lágrimas nos olhos, lágrimas que agora mesmo profusas se me afloram e deslizam em meu rosto.
Estou também a lembrar-me de uma cantiga muito em voga nos anos 60, interpretada por Tristão da Silva:
Quem eu quero não me quer
Quem me quer mandei embora
E por isso eu já não sei
O que será de mim agora...
Ah... Em relação ao amor, Você que neste momento me lê, nunca esqueça - preceito que recomendo vivamente - que não há padrão óptimo nos domínios do amor, por mais que se intente padronizar o único sentimento que não tem regra nem excepção e que vale sempre a pena viver incondicionalmente.
Torre da Guia = Portus Calle
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