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Poesias-->Eros e Psique -- 22/10/2007 - 00:58 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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text


Eros e Psique





Num domingo de outono,


o povo, sem apetite,


como num profundo sono,


não foi até Afrodite,





cultuar sua beleza,


nascida das mãos de Zeus,


da espuma Esperteza,


adorada como deus.





Com santuário vazio,


a deusa foi preterida,


Psiquê, então no cio,


tornou-se a preferida.





Afrontada, Afrodite


afobou-se e, aflita,


convocou seu uranite,


Cupido, para vindita.





Sendo Eros, que horror,


a divindade que queima


com as setas do amor,


recebeu sua jurema:





A Psiquê deveria


da mãe veio a sentença


enamorar-se, que fria,


de monstro de malquerença.





São encantadas as flechas,


e Eros, sem querer, fura,


faz na pele duas brechas,


vira outra criatura.





Por Psique se derrete,


ferido pelo amor,


e ainda lhe compete


casá-la com o horror.





Sua mãe ele tapeia


e despista quanto pode,


diz que ela ficou feia,


parecida com um bode.





Psique, enquanto isso,


vê suas duas irmãs


firmarem o compromisso


de himeneu com titãs;





e, por homens adorada,


cobiçada por um deus,


não pode fazer mais nada,


só crer na força de Zeus.





Ao vê-la, pois, encalhada,


seus pais vão ao deus Apolo,


fazem reza bem orada,


com um carneiro no colo.





Querem ver o himeneu


da bela filha com quem


é vivo, ou não morreu,


até humano também.





Mas Eros já combinou


com o deus Apolo tudo,


já, então, determinou


que o pai ficasse mudo,





e que Psique levasse


para cima da colina;


se a serpente gostasse,


casava com a menina.




Na colina foi deixada,


lá ela adormeceu,


até que uma rajada


de vento lhe arremeteu.





De Zéfiro, deus do vento


do Ocidente, aragem


que completa do intento


de Eros a paisagem.





Zéfiro a encaminha


para um bosque florido,


lago de água clarinha,


com castelo escondido.





Psique, ao acordar,


se vê bem empoeirada,


quer logo banho tomar


e comer, mas não tem nada.





Mas o deusinho finório


não falha no planejado,


em bom tom declamatório,


invisível, disfarçado,





lhe convida pra entrar


no castelo arrumado


pra ela banho tomar


e, depois, a sós jantar.





E, além da sobremesa,


há música de primeira,


o que lhe dá mais certeza


de noite alvissareira.





Realmente, Eros veio


pela noite protegido,


fez o seu borboleteio,


recitando escondido.





Uma voz apaixonada


e mil carências ardentes


Psique sente do nada,


cada noite mais frequentes.





Mesmo sem ver o Cupido,


Psique mais amarrada


fica com o seu querido,


ao passar cada noitada.





Numa de suas visitas,


Eros lhe faz advertência:


as irmãs anafroditas


manter longe, com prudência.





Elas iam à colina


chorar Psique querida,


tão linda e tão menina,


que de lá ficou sumida.





Também, pra não ter desgraça,


Psique não tentaria


ver seu rosto, sua graça,


apesar da alegria.





A bela, obediente,


prometeu-lhe que faria


tudo isso bem contente,


nada lhe exigiria.





Mas foi ficando saudosa


das manas que não revia,


com promessa tão culposa


mais e mais entristecia.





E tanto delas lembrou


que Eros a atendeu,


pra visitas liberou


o castelo todo seu.





Mas seu rosto não deixou


ser motivo de desvelo,


mais uma vez renovou


a promessa de não vê-lo.





E o vento Ocidente


as irmãs então levou


a palácio, de repente,


com a força que soprou.





Foi um reencontro belo,


abraços, beijos e carinhos,


um churrasco de vitelo


a música e bons vinhos.





Mas, a cada perguntinha


das irmãs em polvorosa


pra conhecer a carinha


do marido tão honrosa,





Psiquê as distraía


mostrando-lhes belas naves,


e também a prataria


que bem guardava sob chaves.





Antes, as irmãs choravam


pela má sorte da mana,


pois jamais a encontravam,


até aquela semana.





Mas choravam mais agora


por invejar sua sorte:


livre de tanta caipora,


Psique livre da morte.




Viram a felicidade


que Psiquê ostentava,


mas viram que a beldade


do marido não falava.





As invejosas voltaram


para seus lares aflitas,


e entre si recordaram


que inda eram bonitas,





que sabiam das feições


dos seus maridos matreiros,


e que os seus corações


eram meio feiticeiros.





Psique, por sua vez...


Psiquê não lhes dizia


sobre Eros, sua tez,


das feições nada sabia.





Possível bastante era


que o oráculo tinha


lhe mandado a Quimera


para não ficar sozinha,





ou um monstruoso deus


que a cara escondia,


por ter outros himeneus


a celebrar cada dia.





E se era tão bonito,


tão jovem e carinhoso,


por quê ficar no maldito


breu da noite vergonhoso?





Ao castelo, então, vieram


suas duas invejosas


irmãs e impuseram


suas dicas duvidosas.





Psique nas bases tremeu,


pois aquele carrapicho


abalou seu himeneu,


e nasceu-lhe um capricho.





As irmãs a convenceram


a preparar lamparina,


uma faca lhe cederam,


armaram a heroina.





À lâmpada se atraca


pra ver de Eros o rosto;


se monstro for usa faca


e finda com seu desgosto.





À noite, Eros retorna


ardente, apaixonado,


com as mãos tudo contorna,


mas mantém-se bem velado.





Psique está gozando


e esquece o seu medo,


sua dúvida, ficando


na mente o seu segredo.





Mas eis que Eros cochila,


depois de tanto cafuné,


e ela tira da mochila


o que preparou até.





Ilumina o cenário


e vê o belo varão,


lourinho como canário,


o sumo da sedução.





Com ele extasiada,


treme tanto sua mão


que a lâmpada tombada


ferve óleo no machão.





Eros então se desperta,


percebe o machucado,


de tristeza se deserta,


sai dali bem apressado.





Psiquê segui-lo arrisca,


mas a noite não permite,


ele pra ela nem pisca,


só pensa em Afrodite.





E, por último, lhe diz


que amor jamais suporta


quem lhe foi adulatriz,


ou de confiança torta.





E volta pra Afrodite


lhe curar seu ferimento;


esta pede que lhe cite


a causa de tal evento.





Ao contar o que sabia,


Eros nela despertou


o que no fundo sentia,


vingança nela brotou.





Deseja ardentemente


encontrar sua rival,


e não sai de sua mente


como vai lhe fazer mal.





Sozinha, em desespero,


Psique põe-se a buscar,


em completo destempero


quer pra seu amor voltar.


A todos os templos vai,


pede ajuda, perdão,


ela de joelhos cai,


reza, jura submissão.





E nenhum deus lhe acode,


de sacrifícios se cansa,


ao último deu um bode,


e lá se foi a esperança.





Só lhe restou Afrodite,


que de Eros saberia,


ainda que lhe evite


e lhe faça zombaria.





E mais provas humilhantes


Psique enfrentaria,


as provas mais espumantes


que Afrodite daria.





De cara, ela faria


de grãos a separação,


no prazo de um só dia,


mil espécies, um montão.





O impossível, nem deus?


A Natureza disfarça


todos os criados seus


quando enfrenta a farsa.





De folga, um formigueiro


fez pra Psiquê o serviço,


tudo, no dia inteiro,


compaixão e compromisso.





Afrodite virou fera,


ficou irada demais,


mas não ficou na espera,


preparou-lhe outros ais.





Pra ganhar maior rudeza,


Psique só dormiria


no chão, e a impureza


nela acumularia.





Só comeria pães secos


e água já babujada,


andaria só por becos,


pra não ser mais bajulada.





E nova tarefa veio:


ir a um vale cortado


por um regato bem feio


tosquiar bem tosquiado





cada carneiro do sol,


cujas lãs eram de ouro;


e mesmo sem ter terçol


levava chifrada do touro.





Afrodite da lã queria


uma boa quantidade,


pois mais bela ficaria,


apesar dessa maldade.





O impossível, nem deus?


A Natureza disfarça


todos os criados seus


quando enfrenta a farsa.





Psique caminhou demais,


e, a conselho de vozes,


parou de buscar os tais


carneiros maus e ferozes;





esperou bater a sede


pra que saíssem do mato,


das touceiras espinhentas,


em direção ao regato;





e, assim, não precisou


de tosquiar os carneiros,


pois o rebanho deixou


a lã nos tais espinheiros.





Assim que a lã pegou,


rendeu graças ao Senhor,


pra Afrodite levou


e por Eros perguntou.





E Afrodite, de novo,


mais um afazer lhe deu:


subir, diante do povo,


a cascata onde nasceu





o Estige, velho rio,


que o inferno circunda,


e trazer de lá, bem frio,


frasco de água imunda.





Pra chegar na tal cascata


Psiquê iria ver,


qualquer um ali se mata,


água não pode colher,





pois a lage escorrega


e é alta pra chuchu,


a água forte sofrega


e faz som de caxambu.





Psique ia desistir,


pois jamais aguentaria


na tal cascata subir,


e não era fantasia.





O impossível, nem deus?


A Natureza disfarça


todos os criados seus


quando enfrenta a farsa.





A bela águia surgiu


tirou o frasco da mão


de Psique, que nem sentiu,


e fez a tal infusão.





Mas a sede da sogrinha


não era para matar


com água tão ribeirinha,


a vingança vai voltar.





Psique, diz Afrodite,


precisa lhe compensar,


pois seu filho com bursite


está sempre a tratar.





Deveria convencer,


Perséfone no inferno,


a uma caixa encher


com beleza, dom eterno.





O caminho das profundas


Psique foi procurar,


andou, fez curvas rotundas


e não conseguiu achar.





O impossível, nem deus?


A Natureza disfarça


todos os criados seus


quando enfrenta a farsa.








Uma torre no caminho,


tremendo de compaixão,


deu-lhe o rumo certinho,


e fez recomendação:





pelo caminho viriam


muitos pedindo ajuda,


mas de nada serviriam


com seus galhos de arruda.





E ela, então, consegue


a Perséfone chegar,


e logo lhe é entregue


a caixa para levar.





E quanta solicitude,


Perséfone caprichou,


embrulhou inda pôs grude


na caixa que arrumou.





E voltar bem instruída


sobre a rota de volta


é de ser agradecida,


não precisa de escolta.





Penoso, porém, chegar


sem ainda ter sucesso,


seu amor recuperar


carece de mais progresso.





E por sua vaidade


nessa volta triunfal,


Psique faz uma maldade,


temendo um maior mal.





Não querendo ficar feia,


abre a caixa da bela


pra usar o que anseia


poder usar na lapela.





Nada tendo encontrado,


por um sono foi tomada,


sono beleza, pesado,


qual pela morte banhada.





Enquanto isso, Cupido,


curado do ferimento,


sai da mansão mais corrido,


e vagueia ao relento,





pra sua amada ver,


até que a encontrou


com o sono de morrer,


o qual logo lhe tirou





e pra caixa recolheu.


Despertou-a docilmente


com a flecha, prometeu


acordá-la bem repente,





mas de leve censurou-a


pela curiosidade,


logo depois que beijou-a


refez a caixa beldade.





Psique a entregou


em mãos à Afrodite,


que muito feliz ficou,


pois já tinha celulite.





Eros até Zeus correu


pra proteger a amada,


pediu-lhe um himeneu


com a Psique adorada.





Zeus exigiu de Psiquê


dom da imortalidade,


Hermes iria prover


e levá-la à deidade.





O próprio Zeus lhe benzeu,


ministrou-lhe ambrosia,


em imortal converteu


a humana alegria.





Em seguida, declarou-a


esposa oficial


de Eros, que abraçou-a


no ofício nupcial.





Dessa união nasceu


grande prazer dos sentidos,


a Volúpia só cresceu


desde os tais anos idos.
































































































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