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Poesias-->ÓPERA BUFA DO CARNAVAL -- 15/02/2001 - 01:28 (Nelson Haroldo C Anjos) |
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ÓPERA BUFA DO CARNAVAL
Gatos escalpelados,
gatos na panela!
Tamborins exaltados...
Na maré,
os marezeiros colocam o bloco na rua.
O trio elétrico de Dodô e Osmar tocando
no serviço de alto-falante São Lázaro.
Lá vai o bloco dos miseráveis desfilando
pela passarela da ponte Santo Antonio!
Explode o som do serviço de alto-falante
”Eu sou o carnaval em cada esquina...”
Caretas feitas de sacos de alinhagem,
pano de chita enfeitando as meninas.
Nas pontes, não há batalhas de confetes.
Papéis velhos como serpentinas,
serpenteiam tristezas e pneumonias!
Nesse bloco não tem cordas
e não tem as cores da cidade
é um amontoado de sofrimentos
fazendo festa sem instrumentos...
Farrapos de mortalhas como fantasias,
no enredo desfilam: fome, asma e cirrose
meningite, pneumonia e tuberculose...
No porta-estandarte,
dona morte requebra cheia de alegria
sob a pele de barrigas vazias!
Enquanto no outro lado da cidade,
dona esperança pula cheia de alegorias!
No porta estandarte,
desfilam: saúde, escolas e educação,
teatro, lazer e boa alimentação!
Do Campo Grande á praça Castro Alves,
batalha de confetes, pierrôs e colombinas,
lança-perfume, cervejas e serpentinas.
Dentro das cordas,
o trio detona o som: “atrás do trio elétrico
só não vai quem já morreu...”
Requebram quadris bonitos e malhados.
A nata da sociedade em plena felicidade,
desce a avenida sete com os desejos aflorados...
Na maré, segue o carnaval...
Crianças caras-pálidas,
botam o bloco nas pontes.
Pintam os rostos de índios
e de cuias nas mãos,
os vinténs serão bem vindos!
Nas pontes, o sol chega vestido de arlequim,
espia da esquina e bate uma no botequim.
A lua aparece vestida de colombina,
ela requebra e ele se agarra à sua cintura,
beijam-se e vão desfilar no mar de amaralina...
Nhca
fev/00
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