Ah! Esta solidão...
Sozinho me aborreço,
Me canso,
Detesto-me,
Enojo-me a mim mesmo.
Há quanto tempo luto com esta má índole
Que faz escarrar, à visão deste corpo imundo,
Qualquer ente sensato e normal...
Tudo à minha volta me parece tão feio e mesquinho
Mas é tão somente por refletir a minha mesquinhez!
E isto porque nada posso ver que não seja pela senda
Estúpida da maledicência e da escrotidão...
Sinto-me prestes a odiar
Os homens e o mundo inteiro,
Por despeito, pois já não os posso acusar.
Mas o que posso fazer, Senhor,
Se não consigo libertar-me?
Gosto desta prisão fétida
Em que me enclausuro, dia após dia,
Mas odeio a mim mesmo!
Tenho náuseas de mim
E transbordo em palavras torpes
Todo o nojento asco que a vida me inspira...
Não encontro, Senhor, a porta de mim mesmo!
Esbarro em minhas próprias paredes,
Em meus próprios limites,
Firo-me
Sinto dor,
Sinto dores demais – e ninguém sabe,
Porque ninguém jamais entrou dentro de mim.
Estou só. Sozinho.
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