JESUS E DECISÃO
enviado por marcio menezes
A um jovem, que parecia disposto a ingressar na Nova Era,
candidatando-se a segui-Lo, Jesus propôs o convite direto, sem preâmbulos.
Apesar do interesse que se refletia na face ansiosa, o moço,
receoso, esquivou-se sob a justificativa de que iria antes sepultar o genitor que
havia morrido.
Diante da resposta que parecia justa, o Mestre foi, no entanto,
contundente, informando-o: "Deixa aos mortos o cuidado de sepultar os seus
mortos; mas tu, vem construir no coração o reino de Deus."
Pode causar estranheza a atitude e proposta de Jesus a um filho
que pretendia cumprir com o seu dever imediato: no caso, enterrar o pai
desencarnado. É provável que esse fosse o seu direito real, adiando o
engajamento na tarefa da vida eterna.
Todavia, é possível que o moço ocultasse alguma outra intenção.
O desejo de estar presente ao velório e à inumação do cadáver
talvez significasse a preocupação de ser visto como um filho cuidadoso e fiel,
merecedor da herança que lhe cabia.
Alguma disposição testamentária, provavelmente, exigia-lhe o
cumprimento desse dever filial, sob pena de perder o legado. Então, a sua
presença não significaria um ato de amor, mas um ato de interesse
subalterno.
Os bens materiais, não obstante, possuam utilidade, favorecendo
o conforto, o progresso, a paz entre os homens quando bem distribuídos, são,
às vezes, de outra forma, algemas cruéis que aprisionam as criaturas, e que,
transitando de mãos, são coisas mortas, que não merecem preferência ante as
verdades eternas.
Igualmente se pode pressupor que o rapaz, ainda cioso de sua
juventude, não estivesse disposto a renunciá-la, encontrando, na
justificativa, uma forma nobre para evadir-se do compromisso.
Os gozos materiais são cadeias muito vigorosas que jugulam os
homens às paixões primitivas que deveriam superar a benefício próprio, mas
que quase sempre os levam à decomposição moral, à morte dos ideais
libertadores.
Quiçá a preocupação a respeito da nova responsabilidade causasse
no candidato um receio injustificado, levando-o à escusa com o argumento
apresentado.
O medo de assumir compromissos graves impede o desenvolvimento
intelecto-moral do indivíduo, mantendo-o estacionado na rotina despreocupada
e monótona do seu dia-a-dia.
O convite de Jesus faz-se acompanhar de um programa intenso,
iniciando-se na renovação íntima para melhor, e prosseguindo na ação
construtiva do bem em toda parte.
O medo é fator dissolvente da individualidade humana,
responsável por graves desastres e crimes que poderiam ser evitados. É força
atuante que conduz à morte das realizações dignificantes e das próprias
criaturas.
Por fim, suponhamos que o sentimento filial prevalecesse na
resposta e ele estivesse preocupado com o pai desencarnado. Ainda assim,
qualquer pessoa poderia sepultá-lo, mas ninguém, exceto ele mesmo, poderia
encarregar-se da sua iluminação.
Jesus era a sua oportunidade única.
Jesus penetrou-o e sabia o motivo real de sua recusa.
Porém, deixou-o livre para decidir-se.
Ele foi sepultar o progenitor e não voltou. Perdeu a
oportunidade. Muitos ainda agem assim.
Observa o que elegeste para tua atual existência: seguir a vida
e vivê-la ou acumular tesouros mortos para sepultá-los no olvido.
Desnuda-te interiormente e contempla-te que possuis de real, que
a morte não te arrebatará, e o que seguirá contigo?
Usa de severidade neste exame de consciência e toma o lugar do
jovem convidado.
Que responderias a Jesus nesse momento?
Queixa-te dos problemas que te aturdem e os relacionas,
ignorando ou tentando desconhecer que estás na Terra para aprender, resgatar,
reeducar-te.
Olha ao teu redor e compreenderás o quanto é urgente que te
decidas pelo melhor e duradouro para ti como ser imortal que és.
Postergando a decisão, quando então a tomar, provavelmente as
circunstâncias já não serão as mesmas e a tua situação
estará diferente, talvez complicada.
O momento é este. Deixa-te permear pela presença d Ele e, feliz,
segue-O. Com tal atitude os teus problemas mudarão de aparência, perderão o
significado afligente, contribuirão para a tua felicidade.
Renascerás dos escombros e voarás no rumo da Grande Luz,
superando a noite que te aturde.
(De "Jesus e Atualidade", de Divaldo P. Franco, pelo espírito Joanna de
Ângelis)
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