O NAMORO
Seria um flerte gostoso,
Com o açougueiro charmoso?
Dona Maria ia diariamente,
Ao açougue, perfumada e sorridente.
Seu Manuel, o açougueiro
Lhe atendia, todo faceiro.
Adorava aqueles olhos serenos.
Os lábios bem desenhados e pequenos.
E...aquele perfume encantador,
Doce, tocante,sedutor.
Ah! Momento que o punha louco,
O abrasamento não era pouco.
Ela e sua voz maviosa.
"Olá, seu Manu, está a sua carne gostosa?"
Ele tinha vontade de responder:
"Eu sou todo gostoso, se assim lhe apetecer!"
Mas, para um senhor português recatado,
Por mais que estiver animado,
Dona Maria merece muito respeito.
Manuel é um digno sujeito.
Entre uma alcatra e um belo filé,
Dona Maria quase perdia a fé.
Será que o namoro iria engrenar?
A brasileira recatada começava a duvidar.
O português era muito respeitoso.
Educado e nada curioso.
Não fazia perguntas indiscretas,
Nem insinuações mais diretas.
Então, nasceu-lhe uma idéia luminosa:
De sua reputação, ela era ciosa.
Ao se despedir, com muita fineza.
Manda um beijo à esposa dele.Que gentileza!
"-Como?!" Pergunta ele, espantado.
"- Não tenho esposa, sou separado!"
"- Lamento." Diz ela sorrateira.
E vai embora, toda faceira.
Assim, seguiram-se os diálogos mais íntimos.
Com detalhados fatos ínfimos.
Até que um dia, o português encorajado.
Se declara apaixonado.
Dona Maria adora cozinhar,
E o Manuel irá lhe visitar.
Preso, caído de amores,
O português lhe presenteia com flores.
Ah! Que beleza de almoço,delícias...
Para o paladar, doces carícias
O português rende-se à gaúcha carinhosa.
A pede em namoro. Ah! Esta comidinha cheirosa!
A casinha aconchegante,
O carinho, a atenção e...o cheirinho inebriante!
E pensa o Manuel: É tão gostoso viver a dois.
Resolve, vai casar.Porque deixar prá depois?
Um açougueiro bem humorado,
Resolvido, atencioso e bem amado.
Faz a freguesia feliz.
Isto é o que povo todo diz!
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