Coisas de pobre – churrasco.
09;00 Da manhã.
Copo de plástico, cerveja barata e quente.
Carne de primeira, mas pouca.
Pratinho de plástico e garfinho... daqueles que quebram quando a gente tenta comer a carne.
O som do Chevete é mais caro que o carro.
Som alto, funk e pagode.
E a moçada chegando.
- Cadê a cerveja?
- Tem piscina?
- Tem, mas é de plástico e ta suja.
- Ta muito suja?
- Não sei, olha lá.
- É o aquário ta muito sujo.
- Tem mangueira?
- Tem.
- Então, ta resolvido o problema. Valeu simpatia.
- Aí moçada, tem dupla de fora.
- Seis ladrão!
- É nove!
- Agora vai dar confusão.
Meio-dia.
- Que dê a carne?
- Acabou.
- Pega uma cerveja pra mim.
- Que cerveja, até a pinga acabou.
- Quem tem o número do disk-cerveja?
- Eu tenho, mas só tenho umas pratinhas.
- Eu to mal de grana.
- Ninguém tem cheque?
- Eu tenho, mas não sou doido de emprestar pra vocês.
- Ah do cara, ta amarrando.
- Tudo bem, liga lá, eu tenho uma folha de cheque.
- Mas, vocês vão pedir só cerveja, e a carne?
- Eu só tenho uma folha de cheque.
- Você não tem conta no açougue?
- Tenho.
- Não amarra não, compra uns cinco quilos.
- Sai fora você acha que eu sou trouxa e, depois quem vai pagar?
- Ah moçada.
- Que moçada? Tudo duro.
- A cerveja chegou?
- Chegou.
- Traz meu copo.
- Você já bebeu demais?
- Dá um tempo mulher.
09:00 Da noite.
- Valeu moçada! Eu to chegando.
- Eu também.
- Todo mundo vai embora as Dondocas e os Bonitões, comeram, beberam e sujarão tudo.
- Olha o estado do banheiro?
- Sempre sobra pra mim.
- Não tem jeito, não pode dar mole pra pobre.
Autor: Marco Túlio de Souza
Todos os direitos reservados ao autor.
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