A TRAGÉDIA DA MARATONA
Um belo espetáculo grego, relembrando as tragédias tão ao gosto do belísssimo cenário: uma guerra, uma luta, uma corrida. Vanderlei correu na frente e parecia querer anunciar a novidade. Parecia um herói antigo a dizer que toda a vida é uma competição e tudo não passa de um simples momento. O momento de anunciar que vencemos, que a vitória foi conquistada.
A vaidade do ouro é efêmera e pode ser perdida em frações de segundos independente da nossa vontade. Na perda, outra batalha se constitue e todo o drama recomeça. A vida não é estática, tem movimento e, Ã s vezes, esse movimento é motivado por loucos e suas loucuras apocalípticas.
Se a história é antiga, o herói é atual, moderno e corre com a confiança dos arautos. Assim Vanderlei Cordeiro nos deu uma alegria imensa como uma preparação para o corte no coração que toda tragédia faz. Nos alegramos até os momentos finais para vermos perder uma medalha de ouro e ficarmos com uma de bronze. As medalhas nada contam, as tragédias, sim, ficam para história e Vanderlei já é lenda viva em poucos minutos, ele é o nosso herói trágico, tudo acontecendo ao vivo e com muitas cores.
A lenda diz que Pheidippides levava a novidade, em 490 AC, de que os gregos haviam derrotado os persas na Batalha de Maratona.
- "Alegrem-se. Nós ganhamos!" - gritava Pheidippides ao chegar na reta final.
Nesse momento, enquanto dava a nova, ele caiu morto.
© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943 - )
http://tanajura.cjb.net
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