Glosa em cordel alentejano
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14 ---- Os olhos duma criança
24 ---- São de luz lá bem no fundo
34 ---- Dois balõezinhos d’ esperança
44 ---- No céu cinzento do mundo !
05 ---- De ventre cheio e fecundo
06 ---- Surge a imagem da vida
07 ---- Por mensagem dolorida
08 ---- E em sofrimento profundo
09 ---- São horas cada segundo
10 ---- Até enfim a bonança
11 ---- Se consagrar em herança
12 ---- Viva de amor e alegria
13 ---- Ao abrirem-se para o dia
14 ---- Os olhos duma criança
15 ---- Tal e qual rola mansa
16 ---- A pipilar de ternura
17 ---- Abre-se o seio à candura
18 ---- E “o sonho pula e avança” (*)
19 ---- Feito de paz como lança
20 ---- Sobre o alvo do imundo
21 ---- Que espreita iracundo
22 ---- À frincha da escuridão
23 ---- Mas as forças da razão
24 ---- São de luz lá bem no fundo
25 ---- Na esconsa rampa do mundo
26 ---- Seu rosto é tão divino
27 ---- Seja menina ou menino
28 ---- A vida é breve segundo
29 ---- E com o perigo ao fundo
30 ---- A inocência balança
31 ---- Na corda bamba que dança
32 ---- Sob o céu das ilusões
33 ---- E lá vão aos encontrões
34 ---- Dois balõezinhos d’ esperança
35 ---- E como é bonita a trança
36 ---- Da Marianita ao sol
37 ---- Ao lado do caracol
38 ---- Do Miguelito em pujança
39 ---- Que em correria alcança
40 ---- Um cãozito vagabundo
41 ---- Um grande amigo no fundo
42 ---- Do homem e da criança
43 ---- Em permanente aliança
44 ---- No céu cinzento do mundo!
Torre da Guia / Porto
(*) – Citação em homenagem a António Gedeão, um dos meus dilectos poetas.