AMORES IMPROVÁVEIS!
Certo dia, ela o viu passar.Foi uma conexão expontânea, avassaladora.Dela com ele.E, todo o dia ela acertava o relógio com o horário dele passar.Um rapaz pontual, cumpridor de seus deveres.Seria um excelente pai, primoroso exemplo para as crianças. Ela amava crianças, queria no mínimo ter duas.Uma manhã, veio mais cedo para o escritório e teve uma agradável surpresa, lá estava ele sentado na praça próxima ao seu trabalho.Ela viria, sempre mais cedo.Pegaria o trem trinta minutos antes. Ele meditativo, solene, sentado naquele banco e a praça primaveril,que quadro perfeito.Escondida, ficou alí hipnotizada olhando-o por uns quinze minutos.Era seu ritual sagrado diário.Passou-se um ano, dois.Um dia, resolveu chegar mais perto, vê-lo, talvez falar-lhe.Mas,tirar coragem de onde? Então, milagre... ele levantou-se e veio justo, em sua direção.Ela correu veloz e alcançando a rua movimentada, misturou-se na multidão de sexta-feira, apressada e tensa seguiu a turba, sem pensar, em choque, o coração aos saltos.Ele jamais poderia saber de sua existência.Ela não suportaria isto.Contentava-se com sua apaixonada contemplação. Ele levantou-se do banco e sem ânimo ou vontade seguiu como um condenado para o escritório de advocacia do tio.Será que algum dia seria sócio? Mas, o que houve? Uma moça o viu e partiu em desabalada corrida.Precisava tomar mais sol.Branco como um fantasma, assustara a pobrezinha.Ela era bem bonitinha.Mas, qual...se quisesse sociedade na firma do tio, teria que casar com a prima encalhada.Nem pensar em pretensões
românticas. Será que existem amores impossíveis, improváveis? Terminara o verão, as férias.Início de ano e ela teria que encarar o estágio.Seu desejo: ser uma ótima advogada. Subiu pela escada, devagar para se acalmar.Diziam que o advogado encarregado dos estagiários era um ditador maldito.Ela bateu na porta e ouviu os passos vindos em sua direção. "- Bem, agora estou bronzeado de sol.Não tenho mais a aparência de um fantasma. Por favor, não saia correndo!" Amores improváveis podem acontecer.
Pequeno Conto de Vera LINDEN - novembro de 2006 |