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Artigos-->Comentários ao Artigo de André dos Santos -- 21/10/2002 - 17:22 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Comentários solicitados pelo companheiro André dos Santos

(por Domingos Oliveira Medeiros)



A propósito de seu artigo de 20 de outubro, “O Crime e seus personagens exaltados pela mídia”, permito-me tecer as seguintes opiniões.



Muito interessante e bastante apropriada suas considerações sobre a questão do excesso de importância - a meu ver indevido – que a mídia, de modo geral, tem dispensado aos criminosos de toda ordem, notadamente em relação aos que se colocam, com ousadia, na contramão dos verdadeiros valores e crenças que deveriam nortear as ações de qualquer sociedade civilizada. Não é a primeira vez que isto acontece. Parece que a máxima - aceita pelo mundo da comunicação atual -, é a de que notícia, para dar lucro, tem que ser ruim. Quanto pior, melhor. Notícia boa não tem graça. Não atrai o interesse do grande público. Não choca. É de pouca audiência. Por conseguinte, não rende. Não dá lucro. Fora, portanto, dos objetivos maiores do capitalismo moderno: acumulação de capitais, a qualquer custo.



O fascínio do jornalista Elias Awad pelo Fernando Dutra Pinto, o criminoso que ficou famoso por ter seqüestrado, com ousadia e técnica cinematográfica, Patrícia Abravanel, a filha do conhecidíssimo Sílvio Santos, é bom exemplo. A história está sendo objeto de elaboração de uma biografia do criminoso. Que deverá conter, evidentemente, a cena digna dos melhores autores do suspense: quando o criminoso retornou à casa da família, desta feita para tornar refém o próprio Sílvio Santos, e tentar ajuda para si mesmo, frente a perspectiva dos castigos que fatalmente lhes seriam impostos, em decorrência do delito praticado.



O André foi muito feliz em suas colocações. Alertou-nos para o perigo que esse tipo de exaltação traz para a sociedade, principalmente em relação às nossas crianças, que sempre estarão dispostas a bater palmas para esses falsos heróis , criados pela mídia, com o intuito, apenas, de obter lucro. Pois é quase certo que a ênfase da biografia estará centrada na “coragem”, na “ousadia” e na “perspicácia” do Fernando, que enfrentou, com relativo sucesso, o poderoso homem de televisão. Talvez sejam ressaltados, também, a origem pobre do infrator. A falta de perspectiva. A falta de chances que o empurraram para o crime. Enfim, uma série de “justificativas” para um crime hediondo.



Estes fatos nos remetem à reflexão. Primeiro, porque eles não se esgotam nesta biografia. Até porque há outros “fernandos” famosos. O traficante Beira-Mar, carinhosamente tratado pela mídia como “Fernandinho”, na verdade, não passa de um perigoso e frio assassino. Que destrói nossos jovens, através das drogas; espalhando a dor e o terror entre as famílias e toda a sociedade, de modo geral. Mas, apesar de tudo, não sai das páginas dos jornais. Da mídia. E sua imagem é a de um homem que tem poder. Que deve ser respeitado. Pela polícia e por todos. Nada lhe acontece.



Seu sorriso irônico, fotografado por quase toda a mídia, é a prova de que ele é um mal consentido. E que nós, trabalhadores, que pagamos nossos impostos em dia, só podemos, no máximo, ficar indignados. E pagar a conta do infortúnio. Os custos da carceragem. Que incluem almoço, lanche, bebidas, mulheres, televisão e celular, entre outras benesses.



E esse uso indevido de imagens perniciosas, invertendo valores, não se esgota no campo dos criminosos famosos. Perpassa pelos jogadores de futebol. De Mal caráter. São apresentados pela mídia como “feras”, “animais”, que não levam desaforos para casa, que faltam aos treinos, e que, apesar de irresponsáveis, em alguns casos, parecem insubstituíveis. E que, por isso, ganham fortunas e fama.



Do lado das mulheres jovens, a inversão de valores segue a trilha da fama e do lucro fácil. Agora, concentrada no apelo erótico. Pousar nua para revistas masculinas tornou-se “obra de arte”. Desejo de quase toda moça bonita, que pretende seguir a carreira. Tornar-se rica e independente.



No âmbito do mercado financeiro, a mentira e o boato tornaram-se regra geral. Desse modo, ganham-se rios de dinheiro. Executivos são admirados pela “astúcia” co que fraudam balancetes contábeis supervalorizando ações de forma enganosa para obter maiores lucros. Boatos também se prestam para auferir lucros indevidos. O sobe-e-desce da moeda americana está acontecendo a todo instante. Toda vez que algum credor do governo tem algo para receber em dólar, acontece a trama. Forçam a subida daquela moeda e recebem valores triplicados. Tudo na base da mentira. E ninguém parece preocupado em desfazer essa farsa.



Na política, a mesma coisa. Caluniam-se. Fazem promessas. Não cumprem. . E alguns são admirados por conta da premissa do “rouba mas faz”. Outros, pecam pela omissão. Mas a imprensa insiste em dizer que ele é honesto. Que lavou as mãos. Que não teve nada a ver com o caso. Outros, obrigados a renunciar por serem flagrados com a mão na boca da botija, ainda se defendem. Reconhecem o erro, renunciam ao cargo, mas afirmam que seu delito não foi tão grave assim. Que não roubaram dinheiro. Como se a gravidade do delito guardasse relação direta com valores roubados.



A única relação, no caso, que merece destaque, seria a relação com os valores eticos e morais. Mas isso não dá lucro. Que pena!....





Domingos Oliveira Medeiros

21 de outubro de 2002







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