NÃO enxergo um palmo
à frente de meus poemas.
Deles interpreto o mundo.
Neles componho o universo.
A luz e a forma das coisas
penetram na retina dos versos.
E o nervo ótico das palavras
reconhece as imagens e assim vejo.
Tirem-me a poesia
e viverei no mundo das sombras,
preso em escuridão.
Meus olhos de carne,
mesmo abertos,
sem serventia, nada verão. |