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Contos-->Criptoanálise -- 02/11/2006 - 05:22 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130951918131549400
Dona Cecília cai ao sair do coletivo. O filho da mãe do motorista parece que queria ver a velhinha derrubada. Mal pisou o degrau de baixo para o chão do asfalto, ele acelera. Ela perde o equilíbrio, cai. Maldito paraíba. Não fosse essa praga de imigração nordestina, Sampaulo seria uma cidade mais pacata. Nem de longe lhe ocorreu que o motorista era filho da Capital. Para ela, toda espécie de facínora e marginal só poderia ser proveniente do Nordeste. Ensinaram-na a estigmatizar os nordestinos, ela aprendeu bem a lição. A cidade continua a despejar seus dejetos traumáticos sobre maiorias indefesas. No fundo, no fundo, ela adora ver os policiais descendo o malho em trabalhadores sem-terra ou em greve, nos jornais tvvisivos da noite. Indefesa e simpática, a velhinha se exime de qualquer culpa. Os culpados são os outros, como diria aquele existencialista: “O inferno são os outros”. Detestou os vereadores que votaram a favor da CPI da Máfia dos Fiscais. A boa “velhinha de Taubaté” tem especial admiração pelo “chefe dos chefes” da corrupção, em quem vota religiosamente em todas as eleições, quer ele se candidate a prefeito, governador ou a presidente da República. Fica horrorizada que os detratores de seu ídolo tenham tanto espaço nos programas comentados de jornalismo na tv. “É o fim do mundo”. Acha que todos os fiscais, vereadores e os barões aproveitadores, que sugam o sangue aguado dos marreteiros, cobrando-lhes propinas para que vendam suas bugigangas nas ruas, prevaricaram, ao acusar seu político favorito de nomear funcionários intocáveis nas administrações regionais da prefeitura. A velhinha, apesar de velhinha, sabe ser covarde. Não tem força física, mas seus preconceitos têm muita força, ainda. O motorista era crioulo, e como dizia sua bendita mãezinha, “crioulo quando não suja na entrada suja na saída”. Ela, como boa vovózinha, está passando para sua descendência todos os conceitos moribundos que aprendeu dos ancestrais. Apesar da idade, confia que ainda mantém influência sobre os filhos e netos. No tempo dela as coisas não eram assim. Até a Marta, ex-Suplicy parece ter perdido a noção das coisas. Veja só, ruminou: “Não se fazem mais políticas como antigamente”.
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