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Contos-->O Nome do teu Sócio (Brasil do B) -- 02/11/2006 - 04:26 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130951918221427900
Joãozinho Trinta e Oito, 19, tá numa maré baixa. Entraram dois PM no ônibus antes dele resolver meter o cano do trabuco na morimga do cobrador. Desce apressado e tropeça no meio-fio, a correr. Os hôme, alertados pelo motorista, saem na captura, mas já não dá pra pegar as pernas compridas no pinote de fugir da polícia. Injuriado, ofegante, jura que não vai dá mole pra mulher grávida, idosos, estudantes, ou quem quer que lhe pareça suficientemente fraco para não reagir a assalto a mão armada, numa dessas calçadas aonde perambula com carteira profissional sem registro há nove meses. Reagiu, dançou. Cansou de catar registro profissional do salário mínimo. Agora vai cobrar de todo mundo que cruzar seu caminho, e parecer suficientemente indefeso. Meses e meses de busca e frustração: das firmas só conseguiu um monte de nãos. De alguma forma tem de se defender. Tá ficando escolado com a malandragem. Não caiu em cana nem uma vez. Tá limpo com os hôme. Chega dessa comédia de pedinte. Afinal, tem de defender o leite das criança. No sufoco, se tiver de apertar, aperta. Por enquanto ele, o apertado. Esse tênis importado que ganhou ontem, após o homicídio daquele grunge bundão, tá ardendo no calcanhar. Dando no saco. Pega o metrô República, baldeação na Sé, direção Corintians. Em uma hora está na sinuca do Joaquinzão. Acerta um trampo: cheirar essa paranga de galo, sabe lá quanta mistura: sal de fruta, veneno de rato, pó de giz, o diabo. Paciência, enfim, desistiu de achar lugar para ganhar o sustento dos filhos, um salário. Assalariado, outro nome pra escravo. Caiu na real. As autoridades empurraram ele pra danação social. Tá ruim, até pra quem quer sobrevida no mínimo. Ser honesto, nem por malandragem. Depois de mil vezes rejeitado, sabe ao certo que nasceu pra estar por conta do capeta. Crack jura: nessa não embarca. Pára no ponto vazio. Esmaga com a pressão dos dedos as pelotas do papelote. “Essa coisa é quente”. Da nota de dez, faz canudinho. Encosta no muro, olhar paranóico e ameaçador. As pupilas saltam, ora para o canto direito, ora para o esquerdo ocular. Enfia as fuças, cafunga com entusiasmo, de uma vez, a metade do bagulho. Tá doidão, vamos nessa, pronto pra aprontar. Aí está o “bus”, meia dúzia de passageiros. Já mudou de jurisdição. Pode sujar que tá limpo. Vai sobrar pru cuzão do trocador e do motorista. Esses ganhos merrecas já minchou: migalhas. Daqui pra frente vai aprender a ser gente. Fazer a feira nos posto de gasolina, nas lojas de conveniência, nos caixas 24 horas. Pra frente é que se anda. Precisa segurar o pique do progresso: ganhos de carro nacional tipo carroça. Depois passa prus importado. Tá aprendendo a ser gente, passou a freqüentar as bocas quentes dos Jardins. É lá que está a grana, na conta bancária desses merrecas gays. Eles adoram uma sacanagem. A maioria tudo frouxos. Precisa aproveitar a idade e a suposta boa aparência para agilizar o pé de meia. Fazer com que, um pedacinho que seja, do bolo da riqueza desse país venha pra seu bolso. Em breve vai abrir uma conta bancária, investir em CDR. O que cair na rede é peixe, mano. Modernizar os arroxos. Cartão de crédito clonado, clonar celular é a onda de todo corrupto graúdo. Ouve dizer que todo mafioso alto escalão está fazendo isso, transação da hora. Um dia vai chegar lá. Não quer sentir-se isolado da modernização por que passa a nação. O próprio presidente diz que o país está a modernizar-se. Ele também. Aquele flozô, a sexta vez que olha delicado pra ele. Por hoje já tem por onde se safar. Depois é depois. Amanhã vai vê como é que fica.
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