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Cronicas-->"POESIA!?" -- 05/08/2004 - 23:54 (JOSÉ EURÍPEDES DE OLIVEIRA RAMOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"POESIA"


"A UMA DEUSA

Tu és o quelso do pental ganírio
Saltando as grimpas do fermim calério,
Carpindo as taipas do furor salírio
Nos rúbios calos do pijom sidério.

És o bartólio do bocal empírio
Que ruge e passa no festim sitério,
Em ticoteios de partano estírio,
Rompendo as gàmbias do hortomogenério.

Teus lindos olhos que têm barlacantes
São camençúrias que carquejam lantes
Nas duras pélias do pegal balónio..

São carmentórios de um carce metálio,
De lúrias peles em que pulsa obálio
Em vertimbáceas do pental perónio. "

Revendo lições de métrica e rima, encontrei os versos acima, atribuídos ao poeta maranhense Luís Lisboa. O soneto é um exemplo de perfeito enquadramento na metrificação e nas rimas consoantes que apresenta. Apesar disso, não é poesia e muitas das palavras utilizadas não constam em nenhum vocabulário da língua portuguesa. Por outro lado, vivemos hoje o tempo de total desprezo (ou ignorància) às regras da composição poética. É moda chamar-se "poesia" qualquer amontoado de palavras, ainda que muito mal arrumado. O que leva a parafrasear o poeta Paulo Leminski: "chegou o dia em que se diz que tudo é poesia...". Ou seja, o lado modernoso do Modernismo, que sepultou Romantismo, Parnasianismo, Simbolismo...

Nem a cega obediência ao rigor dos manuais, que leva a construções como a desenvolvida satiricamente por Luís Lisboa, nem o desleixo total que apelida poesia a qualquer meia dúzia de palavras emendadas, aconselham os estudiosos. Nem o rigor estético, nem o liberalismo rebelde de Victor Hugo: "Ni règles, ni modèles". A propósito, ao ouvir que certo verso tinha pé quebrado, Emílio de Menezes retrucou que "Os bons versos não têm pés... têm asas!".

Mas, Isso é discussão infindável e as regras (ou sua ausência) mudam como o vento. Para mim, pensamento e estilo devem andar juntos com transparência e timbre. A perfeição plástica, o lapidar paciente do parnasianismo, a escolha de temas, a beleza das linhas, dos volumes, do colorido -mesmo sem a opulência ou o pitoresco do vocabulário ou das rimas. O que importa sobremaneira é a cadência, a melodia, a música do verso. Para muitos, predominam as sensações visuais (os apreciadores de Vitor Hugo, por exemplo), ou as olfativas (apreciadores de Baudelaire). Para mim, à audição cabe a supremacia sobre os outros sentidos: as ondas sonoras que trazem as revelações. Para mim, tem que haver música, a melodia cantada pela musicalidade das palavras, a harmonia das rimas ricas e sem dissonàncias, o ritmo ditado pela métrica. Não rigorosa e necessariamente assim. Mas, também, mais que choramingar lacrimoso.




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