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cronicas-->Profissão: Estancieira -- 04/10/2003 - 23:26 (Maria Luiza Kuhn) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Profissão: Estancieira


Trabalhei e morei em Santana do Livramento, fronteira seca com o Uruguai, mais precisamente Rivera. Trabalhei lá quando a paridade do dólar era um por um. A cidade formigava nos finais de semana, principalmente nos feriadões. Turismo de compras se chama isso, não e??
Costumo dizer que lá fiz o curso superior de administração bancária. Pois todos os tipos de encrenca que possam envolver a atividade bancária por lá enfrentei. Acho sinceramente que o aprendizado poderia ter sido mais ameno, quem sabe com homeopatia, mas foi alopatia mesmo, quase quimioretapia.
Mas tive por lá também muitas alegrias. Conheci uma cultura totalmente diferente. Fiz passeios em Punta Del Este, brinquei de milionária.
Mas fiz muitos e bons amigos. Amizade de intensos sentimentos. Podem se passar meses e nos abraçamos com o carinho de quem se viu ontem e a urgência de quem não quer se separar.
Uma das minhas amigas é "estancieira". É, não pensem que isto é um adjetivo para quem é filho de fazendeiro e tem uma vida cheia de glamour e eternos pretendentes a um bom partido.
Ser estancieira é uma profissão. Conheci a sua estància, num dia de muito frio e nevoeiro, ainda quando cultivávamos uma secreta admiração mútua. Eu encantada pela liderança dela num lugar tão rústico e ao mesmo tempo tão lúdico que é a chamada "campanha". Ela, parece, admirando a minha coragem de também lutar por espaço, num lugar árido como onde se cuida do dinheiro alheio. (emprestado e aplicado)
Naquele dia de inverno selamos um pacto silencioso de amizade.
A vida na estància, é no mínimo árdua, muito embora seja a dela uma empresa, pois todas as atividades de produção tem um controle de custos, de melhoramentos e de diversificação, gerenciados por modernos sistemas de informática, onde conta com a ajuda e determinação de seu companheiro.Não raras vezes a encontrei montando um cavalo crioulo e apartando gado ou buscando um pequeno bichinho que nasceu meio longe da sede. Também já a vi dirigir um trator para desatolar um caminhão que chegou na fazenda em dia de muita chuva.
Já a vi igualmente fazendo carinhos de mãe nos seus póneis.Ela, a minha amiga também sabe receber como poucos. Já tomamos vinho a beira da lareira da sua casa na estància. Tem bom gosto, três filhos e tem tempo para namorar. Conversamos até a madrugada e reformamos o mundo, naquelas tolas ilusões depois de dois copos de vinho. Os hábitos campeiros genuínos são para mim meio mágicos.
Acho que a minha amiga teria tudo para ser uma deslumbrada filha de fazendeiros e viver eternamente em maratonas de salões de beleza, nem que para isso fosse vendendo aos poucos seus legados patrimoniais, mas ela resolveu encarar, há alguns anos atrás, quando se viu sozinha por força das circunstancias, administrando uma estància na fronteira do Brasil com o Uruguai.
Fiquei feliz em reencontrá-la como sempre: Trabalhando, alegre, bem humorada e modesta, mas brilhante.
Para Ana Maria Osório
maluizak@yahoo.com.br
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