Os Versos sós (alexandre pereira)
Tu estás lá, sorridente, avermelhada,
Uma noite única, com amizades ímpares.
E a par disto, já vivesses este filme antes.
Eu estou aqui, alheio a tudo,
Trancado... em suspiros, atento
À cidade de ruas pretas, prédios firmes, mesma foto.
Uma música a mais, um verso a menos,
Morrendo devagarinho. - Quero-te onde estiveres !
Na boate, com as amigas, nos teus dentes.
Vou ao canto, há uma almofada para eu morrer com vida.
Nela sinto a vida morta, em fantasia ou realidade,
E nada muda: a mesma monotonia, sem dramas.
Penso em cozinhar um ovo para colocar no pão.
Mas faço isto todos os dias, o mesmo pão com ovo,
as mesmas coisas, as mesmas coisas, as mesmas !
E até quando estarei só, com a faca na manteiga?
Olhando as paredes brancas, sob a luz branca
Comendo ovo e pão, ovo e pão, ovo e pão !
Minha vida se diverte no passado
De estradas ansiosas de promessas,
E, não menos estáticas.
É certo que não estou aqui.
Não me sinto, não me vejo, meus versos não me afetam !
Só os segundos, sinto-os, estão vivos !
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