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Cordel-->Um Marinheiro em sua Última Viajem -- 01/11/2017 - 14:19 (pedro marcilio da silva leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Um marinheiro em sua Última Viagem

Primeiro os nós e as amarras
Que o aprisionaram no porto
Pois será preciso desamarrar
No cuidado do andar do torto:
Equilibrado, preciso no acerto
Pois que está vivo, não morto.

O tempo, à todos envelhecem
Como na precisão da maresia
Que mesmo um sopro de brisa
Precisa despertar sua valentia
Inflando um peito antes de aço
Hoje, sem até muita serventia.

Mas foram tempos de bravura
Até nos braços de muita sereia
Surfando por onda inenarrável
Até se despedaçando na areia
Pelos mistérios já acontecidos
Que gente do mar se aperreia.

Até as cracas contam estórias
Que estudiosos sabem contar
De pessoas em que até doem
Que muitas não valem lembrar
Pois que até quando da faxina
São motivos que fazem chorar.

Por tempos queria ser o prático
Mas do porto submerso não via
Pois nem percebia com o olhar
Perigos de quem não conhecia
Segredos e mistérios portuários
Para ser um mestre e bom guia.

Esquecido desse seu propósito
Passava quase o tempo todo só
Absorto no que gostava de fazer
Até se orgulhava de ser o melhor
E de tanto se vangloriar do feito
Somara ao nome a palavra nó.

Se tornara o famoso Zé do Nó
Não do tipo Zé do Nó qualquer
Pois de nó sabia de quase tudo
Que o marinheiro sempre fez fé
Em seu trabalho em amarração
Tanto num veleiro ou no escaler.

E conhecia bem tudo no oficio
Da gávea as funduras do porão
E no saber de mente e coração
Andava bem até em escuridão
Desviando de todo obstáculos
E nunca esnobava o corrimão.

Ele nunca jogava coisas fora
E evitando todo o desperdício
Tinha como lema a reciclagem
Transformando em arte o lixo
Mesmo que na transformação
Tivesse que usar de sacrifício.

O esforço físico em muito caso
Já lhe trazia muito desconforto
Até seus pensamentos ligeiros
Andam lentos e meios absortos
Como o seu andar pelo convés
Que andam parando e até torto.

Já não transforma os materiais
Com sua exuberante vitalidade
Que imaginava e já executava
Com cuidado e muita habilidade
Tanto no ferro, barro e madeira
Peças com valiosa criatividade.

Uma madeira largada no convés
Era logo transformada numa arte
Como o entalhe em cima da porta
Ou da restauração de uma parte
Da gávea que o tempo deteriorou
E a intempérie causou desgaste.

Como no marinheiro que cansado
Sem nunca ter-se aventurado fora
E nunca jamais ter saído do porto
Percebeu que sol não mais doura
A pele que o tempo já encobrece
Sem voltar os tempos de outrora.

O marinheiro entendeu ser a hora
De deixar o quadrante de calmaria
Para seguir um conselho do vento
“Deixar a vida te levar” e não seria
Apenas o lema mas determinação
Deixar acontecer e ver o que faria.

Nunca foi medroso mas previdente
Gostava no plano b de uma saída
Caso seu destino trocasse o rumo
Podendo preparar boa escapulida
Das que altera as guia de um farol
Sem deixar sua carcaça destruída.

Dizem ser medo coisa de humano
Mas mosquito prestes a levar tapa
Sente um feioso e tenebroso medo
Pensando que não vai sobrar nada
Nem chance por um último suspiro
E lamentar um morte desgraçada;

Já tivera muitas notícias que outros
Marujos do barco chegada a hora
Partiram com planos mirabolantes
Com realizar antigos sonhos agora
Não tinham mais as suas amarras
Nem arrumava os jeitinhos por fora.

Esqueceram das falhas no estrado
Do calombo na cama e travesseiro
Que á noite por travessias oceânicas
Virem moldando o seu corpo inteiro
E no sacolejar de grandes ressacas
Não tinha o sono justo e verdadeiro.Esqueceram que era o seu reinado
Seu trabalho na precisão do tempo
Era a sua habilidade muito treinada
Sabia bem que tudo nesse momento
Era o que ia passando por sua alma
Para consagrar o seu contentamento.

E foi sabedor que muitos dos colegas
Que não completaram rito derradeiro
Suportaram as mudanças inexoráveis
Como as que mostraram o verdadeiro
Não tão desejado e imaginado sentido
Mas o que guiará sua vida por inteiro.

Talvez seu escudo foram as cavernas
Na estrutura do casco lhe sendo abrigo
Mesmo o mastro quando dos reparos
Perceber condição visualizando perigo
Certo é que apesar de canga carregar
Sentia forte, confiante e até destemido.


Sempre ao olhar a linha do horizonte
Percebia luzes do sol desabrochando
Sentia sempre a esperança renovada
Como pássaro boa nova anunciando
Trouxesse um alento da nova jornada
E a certeza de Deus está observando.

FIM
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