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Cronicas-->Quando se perde o sono -- 02/08/2004 - 06:10 (Érica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Raramente perco o sono, mas acontece. Sem nenhum motivo consciente, acordo às três da matina e fico pensando na vida. Dos outros. Uma galeria de retratos mudos desfila pela minha memória, no espaço vazio da madrugada.

O quarto onde estou agora hospedada tem uma ampla janela. Esta noite, a janela dá para uma lua extraordinária. Não é preciso que eu descreva o que vem a ser uma lua extraordinária - é tudo o que de bonito há no mundo. E estou com a sorte de levar um banho de lua através da vidraça. Quando o sol aparecer, acho que vou sentir saudades da lua.

E a galeria de retratos mudos continua desfilando. Agora vejo Patrícia (nome fictício), uma amiga de infància que está doente. Parece que é sério, como ontem me contaram. Deixamos de nos ver por muitos anos, talvez por toda uma vida, pois desenvolvemos carreiras em lugares muito distantes um do outro. Mas sempre soube dela e ela, aparentemente, de mim, através de amigos comuns. Agora, ela doente, não tenho muita coragem de ir visitá-la, desde que nunca nos encontramos em tempos melhores. Tenho medo de que minha súbida visita a leve a pensar que seja uma despedida final.

O rosto dela se esvai, dá lugar a um conhecimento mais recente. Um cozinheiro sem emprego, que me abordou no metró. - Madame, disse ele, olhando nos meus olhos, estou sem emprego. Dá pra me arrumar alguma coisa? Sou cozinheiro formado. -
Minha primeira reação foi me encolher, S.Paulo não sendo o lugar mais recomendado para se começar amizades em transporte coletivo. - Mas vi o seu olhar e algo me levou a pensar que o rapaz estava sendo sincero. Eu lhe respondi que não morava em S.Paulo e que não tinha como empregar um cozinheiro, mesmo que morasse. (Pra começo de conversa, adoro cozinhar e é o que faço sempre que posso - pra que iria precisar de cozinheiro?) - Perguntei-lhe por que não tentava um dos tantos mil restaurantes na cidade, decerto... - mas ele me interrompeu dizendo que aceitavam mais franceses do que brasileiros, apesar de todos os diplomas que ele tinha. Eta país interessante, o nosso! Dá as costas aos seus próprios filhos. - A única coisa que consegui lhe dizer, antes de saltar na Estação Paulista, foi pedir seu telefone, para ver se alguns de meus amigos possa utilizar seus serviços. Mas... não tenho amigos assim ricos a ponto de contratar um chef e também sei que conseguem que a empregada lhes cozinhe ...

A lua continua a impedir que o sono volte. Meus olhos estão extasiados com tanta beleza. Se não fosse o fato de que seja tão perigoso andar de madrugada (há alguma hora menos perigosa nesta S.Paulo tão problemática?), eu sairia pelo bairro iluminado de azul-claro. A pracinha lá em cima deve estar como um cenário de teatro: as árvores prateadas, os bancos de mosaico brilhando, o gramado com o rendado sombreado dos ramos... (E olhem que não bebi conhaque nenhum pra ficar assim romantizada. - Bebi, e isto foi lá na hora do almoço, uma caipirinha maravilhosa, seguida por um chopp dourado que matou minha vontade anual de saborear um chopp brasileiro, espumante, ah... extraordinário.)

A galeria prossegue. Mas vou parando por aqui, para não aborrecer mais meus hipotéticos leitores. Escrever me fez bem. Agradeço a paciência do seu interesse. - Vou continuar minha leitura do Código Da Vinci. Talvez aí me volte o sono .... Tenha um bom dia.
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Érica Eye
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