FISGAR O POEMA
Laçar o poema no tempo?
Vem cheiro de sujas lembranças.
Esquecer.
Pegar o poema no espaço?
Vem o mofo de mesmices,
invenções.
Evitar.
Laçar o poema nos olhos?
Não há cores nem tintas,
nem pincel, nem coragem
de apreendê-lo.
Laçar o poema nos ombros
com corda e nó,
para a próxima colheita de ozônio?
É a dor o sol.
Ele se esconde no escuro,
puxa uma história
de carochinha e de bicho-papão,
e o poeta dorme.
Não há forma de pegar o poema.
Então, por que não fisgá-lo
enquanto vivo, sem anzol?
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