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Contos-->Uma mulher chamada Maria -- 04/10/2006 - 23:35 (Paulo Marcio Bernardo da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA MULHER CHAMADA MARIA

Maria veio de uma pequena cidade de Minas Gerais para a cidade de Petrópolis; ela como tantas outras Marias, que migram na esperança de melhorar sua vida, realizar os sonhos de moça adolescente que espera casar, ter filhos, comprar sua casa própria e ser feliz.

Sua escolaridade era mínima, só sabia escrever seu nome e fazer continhas aprendidas com a professora da primeira série que não conseguiu concluir. Ela era uma moça bonita, simpática e trazia o sotaque das mineirinhas interioranas, mas trazia também a garra, a vontade de vencer.

Logo que chegou à Petrópolis, Maria procurou aprender a costurar, já que não podia e não sabia como ia pagar suas despesas com alimentação e moradia. Começou a trabalhar e morar de favores com uma conterrânea e amiga da família. Entretanto ela queria ser auto-suficiente para conseguir sua casinha, mesmo alugada e mobiliada. Não importava que tivesse apenas uma cama, um armário, um fogão e os utensílios necessários para ter uma vida independente.

Com o trabalho de costureira, economizando quase tudo que ganhava, Maria comprou a sua própria máquina de costura. Uma Singer, uma daquelas bem antigas, de segunda mão, ainda com pedal para funcionar. Ela era rápida e caprichosa, trabalhava pelo menos doze horas por dia para conseguir pagar a máquina recém-adquirida, pagar as suas despesas pessoais e continuar a economizar, mesmo que fosse pouquinho.

Em um domingo de folga, Maria saiu para conhecer pelo menos o bairro que morava e conheceu um rapaz simples como ela, também vindo do interior, e que tinha as mesmas necessidades e sonhos. Ali começou um namoro, aparentemente sem maiores pretensões que foi se sustentando e ficando cada dia mais sério.

José era mecânico, tinha serviço estável e ganhava o suficiente para assumir uma responsabilidade de casamento. Não demorou muito e o casal alugou um pequeno apartamento, mobiliou com simplicidade e contraiu matrimônio. Sem festa, sem lua de mel, os dois só pensavam em ser felizes e realizar seus sonhos.

Um ano mais tarde, Maria engravidou de seu primeiro filho, mas continuava trabalhando como costureira, agora com uma máquina motorizada e mais moderna, ajudando José nos gastos da casa.

Pouco tempo depois, o casal já tinha dois filhos homens, com apenas um ano de diferença na idade. A família estava formada. Apesar das dificuldades com as despesas, José e Maria conseguiam levar uma vida se não confortável, pelo menos sem grandes dívidas.

Certo dia José chega do serviço, toma banho e senta a mesa, enquanto Maria coloca os filhos na cama para dormir, ela não demorou a servir o jantar. Conversavam como sempre, faziam planos para comprar um terreninho e começar a construir, quando José sem falar mais nada, caiu da cadeira que estava sentado, vítima de um enfarto fulminante. Maria tentou socorrer, chamou vizinhos, o pronto-socorro, mas não adiantou. José morreu aos 34 anos, deixando Maria, dois filhos ainda pequenos e uma vida de sonhos.
E agora? O que fazer? Maria, viúva, com uma profissão de costureira, semi-analfabeta e com dois filhos para criar. O que ganhava não era o suficiente para manter a família. Se já trabalhava muito, teria que trabalhar dia e noite para conseguir completar a renda de apenas um salário mínimo de pensão.
Mas Maria foi à luta, não se abateu, e com muita fé em Deus e disposição para trabalhar começou a procurar alguma coisa que lhe permitisse superar as dificuldades.

Certo dia a campainha de seu pequeno apartamento tocou, já passava das oito horas da noite e dois rapazes indicados por um de seus vizinhos vieram lhe propor fazer as fantasias de um bloco carnavalesco. Entretanto viram que Maria só possuía uma máquina e ela não teria tempo suficiente para pegar a encomenda, pois o carnaval estava próximo. Contudo Maria conseguiu convencer aos diretores da agremiação que ela tinha condições de fazer o serviço e que entregaria tudo como estava sendo pedido.

Ali foi a “hora da virada”. Maria no dia seguinte foi a uma loja, comprou mais uma máquina (financiada), contratou uma outra costureira e começaram a trabalhar nas fantasias. Entregaram a primeira parte, receberam pelo trabalho e de novo Maria volta à loja e compra mais uma máquina. Agora eram três máquinas e três costureiras. Seu apartamento virou um atelier de costura. Pano, linha e mesa de corte se misturavam aos móveis da casa, pratos de comida e crianças dormindo ou chorando no sofá. O ambiente era de festa, mas de muito trabalho. A porta da sala já ficava aberta esperando os componentes do bloco que nem sempre eram educados ou confiantes para entrar em sua casa e experimentar as fantasias. Maria agüentou todo tipo de cliente com tolerância, pois sabia que ali estava sua única oportunidade de cumprir seus compromissos. Finalmente o carnaval chegou! As fantasias estavam prontas, inclusive a dela e das duas outras costureiras que resolveram também desfilar. O dinheiro recebido deu para pagar as máquinas e ainda sobrou para pagar as despesa da casa.

Passado o carnaval, Maria começou a confeccionar roupas femininas que vendia nas lojas da Rua Teresa (para informar: Rua com mais de 1000 lojas de roupas femininas, masculinas e infantis), aumentado progressivamente sua produção e seu maquinário.

Passaram os anos e hoje Maria é proprietária de 4 lojas na Rua Teresa, está por inaugurar uma na região dos lagos (Cabo Frio), possui imóveis em algumas cidades da região e tem uma renda de aluguéis que lhe permite viver sem depender da receita de suas lojas e das sua confecção.

Seus filhos hoje estão criados e também vivem do comércio. Ela se casou novamente com um viúvo bem mais velho, e todos desfrutam dos benefícios do trabalho de uma mulher guerreira, determinada e sem dúvidas um exemplo para os que não conseguem viver a vida com otimismo e confiança em DEUS.

X-X-X-X-X-


>>>Esse conto é verdadeiro, poderia citar a cidade de onde Maria veio, o nome real de seu marido e seus filhos, o nome do seu atual marido e outros detalhes, entretanto não citei para resguardar a privacidade de sua família>>>, mas ela é mesmo MARIA (com letra maiúscula).<<<<<<<<


04/10/06
Paulo M.Bernardo


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