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Artigos-->SURRA NAS URNAS, NAS RUAS -- 19/10/2002 - 02:46 (ERICKSON ARTMANN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era uma vez, há 13 anos, meu primeiro voto pra presidente... crescia a esperança, o Brasil seria um país justo, com um governo honesto e capaz de ouvir seu povo. Mas a História tem seus caprichos: apanhamos nas urnas, e aprendemos que ainda podíamos ter a revanche. Um ano e meio depois foram “eles” que apanharam - nas ruas - ! Aposto que quando o José Dirceu disse, naquele fatídico discurso durante uma greve de professores em São Paulo, que “eles devem apanhar nas urnas e também nas ruas”, deve ter se lembrado da mobilização popular — especialmente das grandes manifestações nas ruas — que levaram ao impeachment de Collor em 1991, uma verdadeira surra da democracia sobre o despotismo e a corrupção.



Porém, o sonho de um país melhor perdeu mais duas batalhas nas urnas. Precisou amadurecer(?), tornar-se ainda mais coletivo, adaptar-se talvez, pra se tornar REALIDADE nas urnas, nas ruas, nos corações desiludidos que um dia confiaram numa ilusão chamada real - ou vice versa. Infelizmente, enquanto isso o Brasil foi saqueado: nossas grandes empresas, construídas ao longo de décadas, foram vendidas a grupos estrangeiros e em conseqüência disso hoje pagamos mais caro, muito mais caro, para telefonar, para rodar por nossas estradas (ainda são nossas?), parte da rede ferroviária está literalmente sucateada (basta observar o crescente número de acidentes com trens, principalmente da ALL, a despeito da diminuição desse tipo de transporte). As privatizações, na minha opinião, foram o maior atestado da incompetência dos governos de Fernando Collor e de FHC, uma vez que venderam nossas empresas que eram e poderiam vir a ser ainda mais lucrativas, com a desculpa de “enxugar a máquina” e modernizar esses serviços. Ora, eliminar a corrupção, os cabides de empregos, e fazer com que as empresas estatais, responsáveis por serviços essenciais ou pela administração de algumas de nossas maiores riquezas (como no caso da Vale do Rio Doce) atualizem-se e funcionem corretamente é apenas a obrigação de um governo, e se ele não é capaz de cuidar disso não é capaz de governar com justiça e competência um país imenso que requer extrema dedicação de milhares de pessoas confiáveis e “preparadas” em todo e qualquer cargo, em todas as áreas. Mas como um governo neo-liberalista de terceiro mundo pode cuidar disso se seu compromisso é com uma classe privilegiada (não a dos ricos, mas a dos que enriquecem cada vez mais através da especulação e/ou da exploração das populações que não têm alternativas) e com gigantescas instituições financeiras internacionais?! A estabilização da economia, no momento em que o governo FHC entrou, era uma necessidade e uma obrigação absoluta de qualquer governo que tivesse sido eleito. Os resultados contra a inflação foram imediatos, mas o preço que pagamos por isso foi o aumento das diferenças sociais, da miséria, e até mesmo a perda de nosso orgulho, pois hoje somos um dos países mais dependentes do FMI e de corporações suíças e norte-americanas. É importante lembrar ainda que o plano real surgiu durante o governo Itamar Franco e, embora tenha sido idealizado pelo então ministro FHC, o presidente Itamar era radicalmente contra as privatizações, e certamente suas idéias para uma economia estável não implicavam em pagar os preços que o país pagou e continuará pagando com juros cada vez mais altos caso o PSDB de Serra continue no poder. Se a estabilização da economia fosse colocada em prática de outra forma, por um governo com mais preocupações sociais, comandada pelo Brasil e não pelo FMI, talvez demorasse um pouco mais e tivesse resultados diferentes, mas certamente teria outros fatores positivos que, analisados num conjunto, estariam contribuindo muito mais com a nossa qualidade de vida.



Acho uma pena que todos estas questões não estejam sendo mais exploradas na campanha de Lula. A propaganda de nosso candidato às vésperas do segundo turno está um saco, pra dizer o mínimo. Tá realmente com cara de uma campanha malufista, só que sem a agressividade que esta teria e sem as respostas justas e ponderadas que Lula poderia dar a todas as agressões medíocres de José Serra. Como em outras eleições, Lula e seu partido são novamente acusados e agredidos o tempo todo na televisão e na imprensa em geral, e não reage. O PT não rebate críticas, não mostra as histórias de corrupção de inúmeros políticos do (ou aliados ao) PSDB, partido do atual presidente e de seu frustrado candidato a sucessor. Ah, que PT é esse que parece orgulhar-se de receber o apoio de velhos adversários, que parece negar suas diretrizes de não aliar-se a grupos ou a pessoas que não estivessem comprometidas com os mesmos ideais?!...



É um PT com mais esperança do que nunca, um PT com certeza (de cumprir a missão para a qual fora criado há pouco mais de duas décadas...); um Partido dos Trabalhadores, com certeza! Que reconhece seus erros, ou pelo menos parte deles, e que admite os erros de um povo acostumado a ouvir promessas e a ter ilusões; é um PT que vai colocar finalmente lá, no Planalto, no Palácio do Governo do País que poderia ser o mais rico do mundo mas que foi roubado por seus próprios governos durante séculos, um homem capaz de mudar o rumo da História na América do Sul. Apesar de tantos e tantos roubos e rombos, apesar da destruição desenfreada de nossas florestas, da exploração de todas as nossas riquezas naturais por empresas estrangeiras, da venda de nossas grandes empresas a grupos alienígenas; e falando nisso, apesar de toda a nossa alienação — lavagens cerebrais que sofremos, como povo e como indivíduos... amigos, somos maiores e mais fortes do que todos aqueles seres tão acostumados ao ringue e às agressões psicológicas em períodos eleitorais. Sim, eu acredito que podemos vencer, nas urnas e nas ruas, nas escolas, nos templos, em nossas casas; em meu coração eu posso, eu aposto nisso. Sabemos que eleger Lula hoje não é mais um sonho, e sim uma necessidade. Sabemos também que ele, como governo, terá inúmeras dificuldades; mas Lula mostrou que está preparado para negociar com todos ao lados ao atrair para sua campanha seres estranhos ao sonho socialista do velho PT como Sarney, Cyro Gomes e o próprio José Alencar, seu vice... Bom. Certamente será mesmo necessário sentar-se um dia com Bush e com o presidente do FMI e negociar (e pelo que sei, Lula nunca fugiu de debates quando estes são realmente necessários; ao contrário, é ele quem os propõe ...), mas mais importante do que cumprimentá-los cordialmente falando inglês será a autoridade de um homem falando em nome do povo de um dos países mais ricos do mundo que pretende reconquistar sua soberania.



Não é o Lula, não é o PT. É a certeza de que um homem mais honesto do que os nossos governantes tradicionais continuará honesto e comprometido com o ideal que o levou a esse cargo porque ele lutou muito, muito mesmo, junto conosco, com cada um de nós que também sofreu e percebeu em algum momento, cedo ou tarde, que algo estava errado. ESTAVA. HOJE O POVO PARECE PERCEBER QUE NÃO PRECISA MAIS REPETIR O ERRO. É assim em todas as decisões e atitudes importantes em nossas vidas. É assim no processo eleitoral de um grande país. Mudou nosso refrão.



"É só você querer... e amanhã assim será... "

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