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Poesias-->Que mais é preciso explicar?!... -- 19/08/2007 - 15:02 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dantes foi consolo para o dolo da vida

e ainda é vício e ofício de todas as horas vivas...



Estou a lembrar-me,

tinha eu sete anos e andava de calções,

do meu amigo Lourenço,

que sonhava dormir com minha mãe,

fazer um cigarrinho, lambê-lo e dizer-me

de isqueiro a gasolina em riste:



- Anda lá, Toninho, dá umas fumaças

e aprende a seres homem!



E eu fumava, fumegava e tossia

a engolir o fumo.



Meu tio Marcelino,

pescador a sério em Mindelo,

com a onça e as mortalhas entre as mãos

fazia um e dois cigarros,

um para ele e outro pra mim:



- Anda lá, fuma, tira duas, não ogues...



E eu fumava, fumegava e tossia

a engolir o fumo...



Já lá vão 60 anos

e todas as vezes que deixei de fumar

foi por estar doente ou não ter cigarros...



Uma vez,

minha mãe desesperada com o flagelo,

encostou-me a cabeça às bordas da sanita,

agarrou no produto e esfregou-mo na boca...



E eu continuo a fumar, a fumegar

e tusso a engolir fumo...



Presumo que meus pulmões

sejam por dentro

algo como plástico castanho-negro que brilha

e fumo, e fumo, e fumo...



Fumo desde pequeno,

fumo para o governo,

fumo para me libertar

de todos que me querem queimar,

fumo para me acalmar,

fumo para me esquecer,

fumo para viver

e sobretudo fumo para me matar.



Vá, vá, argumentem, inventem,

digam, persigam,

tentem e intentem...

Que mais é preciso explicar?!...



António Torre da Guia

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