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Artigos-->A Intimidação Como Arma -- 18/10/2002 - 12:48 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dois Pesos e Duas Medidas

(A Intimidação Como Arma)

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Assim diz o ditado: quando eu acerto, ninguém se lembra; quando erro, ninguém esquece. Muito interessante e muito intrigante a maneira como este governo pratica uma espécie de bom senso particular. Diferente do bom senso geral e irrestrito. Quando a atriz Regina Duarte participa do programa eleitoral do candidato do governo, e, no campo das hipóteses, diz que tem medo do resultado das eleições que se vislumbra, vale dizer, a vitória da oposição, dois entendimento se fazem de pronto: primeiro, que ela, salvo melhor juízo, está praticando o terrorismo político; depois, por extensão, está fazendo pouco caso da democracia, posto que não se pode, ou não cabe, a nenhum brasileiro, muito menos famoso, rejeitar, com antecedência, e por meio de argumentos falaciosos e hipotéticos, os resultados prováveis do processo eleitoral que, até onde entendemos, é lícito e deve ser acatado por todos os brasileiros.



E tentam, os homens do governo, rebater as justas manifestações de indignação com o fato, invocando o direito que a atriz tem se manifestar sua opinião. Opinião é uma coisa. Terrorismo político infundado e calunioso é outra.



De outra parte, quando o candidato da oposição diz que o governo aumento os juros de 18% para 21%, na tentativa de conter o processo inflacionário, em obediência aos ditames do FMI, e que tal medida veio, tão-somente, ao encontro dos interesses de meia dúzia de banqueiros, o governo sente-se ofendido.



Mas o Lula tem razão. E tem o direito de emitir sua opinião. A diferença é que o Lula falou de fatos. De que o aumento de juros favorece aos especuladores. Que causa a inibição do crédito. Por conseguinte, os investimentos produtivos diminuem. Diminuindo a produção, cai o consumo. Caindo o consumo, cai a produção e o desemprego aumenta. E aumenta, também, a nossa dívida. Só em outubro, por conta desta medida do governo, ela teria aumentado em R$ 2,2 bilhões. Dados do próprio governo. E que de nada adiantou esta medida em relação às variações do dólar. Que continua rondando a faixa dos R$ 4 reais, principalmente toda vez que estamos próximos ao vencimento de alguma parcela de pagamento. Lula falou dentro do seu direito sobre fatos reais. Sobre acontecimentos que ocorreram, efetivamente. E que são macabros. E que estes, sim, metem medo.



Ao contrário da sobredita atriz, que ficou no campo da especulação, sobre algo que não aconteceu. E que é pouco provável que venha a ocorrer. Essa a grande diferença.



Mas o governo não gostou da fala do Lula. O Ministro da Fazenda saiu logo em sua defesa: “Estamos atravessando um momento difícil que exige uma postura serena, responsável e de confiança no país”. Que postura serena? Fazer de conta que está tudo bem? Que a dívida é perfeitamente administrável? Como não se cansa de dizer o titular do Banco Central? Afinal, falar a verdade incomoda a quem? Ou o FMI e o governo americano, por acaso, desconhecem o tamanho do pepino que este governo está deixando para o próximo?



Depois, veio o presidente da República, através de seu porta-voz, anunciar em tom melancólico: “ É muito ruim a atitude de colocar sapato alto antes da hora. Sobretudo sobre temas que não tem domínio pleno”, numa alusão preconceituosa ao candidato Lula. Parece que o Fernando Henrique sabe muito bem do que está falando. Basta verificar nossos atuais índices econômicos e sociais.



Ainda a propósito da fala da Regina Duarte, cabe aqui reproduzir parte do artigo de Sueli Carneiro, pesquisadora do CNPq e diretora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, publicado no Correio Braziliense desta data, in verbis:



“Tenho medo de quem tem medo do resultado de eleições livres e democráticas, mas não se apavora diante do fato de que este país, no início do terceiro milênio, mantenha pessoas trabalhando em regime análogo ao de escravidão, entre elas crianças de 4 a 10 anos de idade, como denunciado pela imprensa na última quarta-feira.....Tenho medo .de quem não se apavora com os 53 milhões de pessoas empobrecidas, das quais 22 milhões vivendo em condições de indigência humana num país cuja economia está entre as dez maiores do mundo e, no entanto, é incapaz de oferecer segurança alimentar ao conjunto de sua população. Tenho medo dos que preferem o conforto do mal conhecido à ousadia de lutar pela transformação, pela mudança. Quando essa gente se move para garantir que tudo permaneça como está, não tem limites: vale-se do terrorismo político que se assemelha nas práticas e objetivos ao terrorismo criminoso, como os dos traficantes dos morros cariocas. No cerne de ambos, o medo da derrota política para uns, ou da frustração de seus planos de consolidação de um poder paralelo criminoso para outros. Em ambos os casos, a intimidação como arma.”



Domingos Oliveira Medeiros

18 de outubro de 2002







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