ESCORRE-ME entre os dedos
o tempo que não me espera.
Enquanto reescrevo meus enredos,
as horas passam na janela.
De súbito, as estações se sucedem.
E o calor do verão arrefece,
e as árvores do cerrado perdem
as folhas como quem se entristece.
Mas ainda retenho na palma da mão
essa mania besta, infantil de acreditar.
Crer que o que espero não será em vão.
Escorre-me entre os dedos
o tempo que não me espera.
Mas retenho a esperança, vivo com ela. |