ANJO E SOLIDÃO
Francisco Miguel de Moura*
compridos cabelos noite
para se ter onde segurar,
em anjo não se pendura
em qualquer parte.
seus direitos são divinos,
com o que pode socorrer
quando do seu agrado.
como é que um anjo se agrada?
fui agarrado pelos ombros,
mas de frente me virou
e deu-me a face bejei x beijou,
a carinha de quem tem paixão
e bondade.
quis salvar-me (e me salvou)
e após sobrevoar à multidão,
fiquei perdido e só.
estou perdidamente só
e resolvido a criar asas e vôos
em busca do anjo meu sumido.
solidão é não ter esperança.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina-PI.
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