Aparentava ser jovem, na casa dos vinte e poucos anos. Era estudante universitária.
Morava com sua mãe, no centro da cidade. Seu pai morrera antes de nascer.
A vida se resumia a ir para a faculdade e trabalhar. Tinha um namorado não havia muito tempo.
Um dia, ao voltar da faculdade, encontrou a mãe deitada. Que estranho, neste horário, já costumava estar em seu escritório. Aproximou-se dela e com a voz suave, chamou-a. Sem reagir, chamou-a novamente; e nada... Preocupada, sentou na beirada da cama e acariciou os seus cabelos. Nenhum movimento... Tentou escutar a sua respiração... A mãe não estava respirando... Não tinha pulsação e seu coração não batia mais...Desesperada, começou a gritar. Os vizinhos foram ver o que estava acontecendo...
Sua mãe havia se suicidado...
Mas por que? Ela não entendia...
Aparentemente, sua mãe tinha uma vida feliz... Bastante amigos...
A jovem não se contentava com a idéia do suicídio. Por que a sua mãe a deixara sozinha, quando mais precisava?
Resolveu investigar o caso. Por onde começar?
Vasculhou as coisas da mãe. Descobriu, na secretária eletrónica, que naquela manhã fatídica, um homem deixara um recado que precisava falar com ela urgente.
Quem era ele?
Perguntou aos amigos da mãe, se por acaso conheciam aquele nome.
De todos, ouviu a mesma resposta: não tinham idéia de quem era. Mas algo a incomodava, porque parecia que ao pronunciar o nome do sujeito, os amigos da mãe ficavam incomodados, tentavam desviar, o mais rápido possível, do assunto...
O que estava acontecendo, afinal? E aquele homem da secretária eletrónica, que não parava de deixar recados querendo falar urgente com a mãe?
Lembrou-se de uma senhora com quem sua mãe havia morado quando jovem. Era sua última esperança. Foi visitá-la...
Perguntou sobre o tal homem... Para sua surpresa, a senhora lhe contou tudo...
Na verdade, este homem era seu pai... Sua mãe nunca havia lhe revelado a verdade, por medo de perde-la...
E agora que o homem havia reaparecido, ficou com medo que descobrisse tudo e resolveu tirar a própria vida ao invés de enfrentar a situação...
Juntamente com sua mãe, grande parte da sua história de vida havia ido embora.
Ter ido atrás da verdade, foi uma forma de resgatar a sua própria história, a sua identidade.
Mesmo sem ter se refeito da perda da mãe, resolveu não parar por aí... Iria continuar lutando para descobrir mais sobre si, sobre sua vida...
O próximo passo seria contar toda a verdade para o seu pai...
Achava que nem ele sabia que tinha uma filha...
Saber quem somos, qual a nossa história, é fundamental para termos o domínio de nossas vidas...
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