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Poesias-->Cantiga de ninar -- 15/07/2007 - 11:18 (Silvio Guerini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


No mais profundo silêncio,

deste quarto à meia-luz

lençóis amarrotados

no meio de roupas misturadas

pelo chão esparramadas

cheiro de amor embriagante

perfumando o ar

contagiante

cheiro de corpos molhados

satisfeitos

extasiados

que agora se procuram

um no outro aninhados

buscando nesse toque das peles

como se fossem vestes celestiais

um refúgio

dos desejos ardentes... carnais

que há pouco incendiavam o quarto

enlouqueciam os amantes...

em torturantes delícias

de prazeres desconcertantes

que no seu auge

no gozo que explodiu potente

fez da realidade

uma louca brincadeira

fez do tempo...

um momento...

ardendo eterno feito fogueira...



E enquanto cada fibra

cada pedaço

dos corpos que ainda se espremem

que gritam

que tresloucadamente gemem

se soltam no espaço

eletrificados

buscando pelo abraço

um ao outro... se encontrando

num aperto tão forte

que suas almas

que seus seres

quase de corpos se trocam

quase sobem aos céus

pelos prazeres

e intimamente... se tocam...



E quando... enfim...

o prazer...

em ondas incontáveis de paixão

explode em suas peles

ondas de um quente arrepio... de tesão...

coisa que nem o mais louco

consegue em palavras por

fruto d’uma insanidade temporária

que o amor

encharcado de desejo

da razão... desnecessária

faz dos dois seres

apenas um

e do momento...

infinito

o fim d’um amargo jejum



E depois da sinfonia de ruídos

roucos... gritados

incompreensíveis gemidos

e depois de encharcados pelo prazer

depois de exaustos...

de tanto dar... e receber...

como cria manhosa

que se aninha no pelo da mãe

ainda com fome... gulosa...

os enternecidos amantes

buscam refúgio

num peito aconchegante

um do outro confidentes

onde, então, seus sonhos

e doces delírios

que jorram em suas mentes abundantes

poderão continuar...



Dois corpos que se ajeitam

se procuram

que se aceitam

vestidos... agora...

apenas d’um profundo silêncio

deste quarto à meia-luz

lençóis amarrotados

no meio de roupas desalinhadas

pelo chão esparramadas

onde o que se ouve somente

qual suave murmúrio

docemente

desprovido de todo perjúrio

são os amantes respirando

tão fundo

como se ainda... se amando...

a cada novo segundo

profundamente...



E como num transe

amantes sonhando

corações ainda voando

numa mistura de amor... e paixão

ele... carinhosamente...

passa por aqueles fios... a mão

fios de cabelos avermelhados

ruivos... cor da própria perdição

e em movimentos gentis

dos dedos percorrendo cada mecha

como que buscando um caminho

quiçá uma brecha

pra nos sonhos dela poder entrar...



E ela... olhos fechados...

com um resto de sorriso na boca

riso maroto

pelo prazer que a deixou quase louca

mistura de paixão... e amor

completamente exausta

se entrega de vez

sem receios

solta o corpo

entregue a loucos devaneios

liberta a alma

se aconchega

e começa a sonhar...



E no mais profundo silêncio,

deste quarto à meia-luz

lençóis...

roupas...

corpos...

misturados

em dois corpos abençoados

os amantes... enfim...

se entregam...

se rendem...

em dois corpos aconchegados

e o único som que resta

como ária angelical

é o som dos amantes que respiram

doce... comovente... sem igual

respiração profunda

silenciosa

que o ar de paz inunda

parecendo mais um sussurrar

melodia formosa

de dois seres que se amaram

chama no peito a queimar

mas que agora adormecem

profundamente

ao som dessa doce cantiga de ninar...





Silvio Guerini

10 de dezembro de 2006, 19h07

guerinis@uol.com.br

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