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Artigos-->Conversa entre escritores -- 16/10/2002 - 23:09 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CONVERSA ENTRE ESCRITORES (2)



Francisco Miguel de Moura

Escritor, da APL





Falei sobre a falta de parceiros para a conversa, problema que acomete normalmente os idosos. Essa falta diminui de proporção ao passo que a pessoa se corresponde com alguém. Pois quem escreve cartas nunca está só, e escrever é conversar também, embora que de longe. Imagine-se quem recebe (e manda cartas) a mais de uma pessoa. De vez em quando, bate o correio e... tem-se matéria para uma semana. Cartas longas ou curtas, entre escritores, normalmente se fazem acompanhadas de recortes de jornais, livros, folhetos, xeroxes etc.

– Sim, sim, mas os correspondentes também morrem, replicaria um interlocutor agourento.

– Certamente, respondo. Todos nós morreremos, um dia. Não nascemos para virar pedra. “Até os caminhos morrem” – me lembro de um famoso verso de Alberto de Oliveira. Então, procuremos outros. Vida é movimento em tudo, nas ações mais comuns, nos pensamentos mais altos.

– Há alguns anos se foi o escritor Eduardo Maffei, médico, residente em São Paulo. Guardei um maço bem grosso de belas cartas que recebia dele. Passei-as todas, por empréstimo, ao escritor Ozildo Batista de Barros, de Picos, que pretende editá-las, num livro em sua memória. Depois pretendo enviá-las a um museu de São Paulo. Bom crítico literário. Tenho dele três artigos, apreciando meus livros de poemas, que são obras valiosas. Qual o editor brasileiro que se abalaria a publicar as memórias de Maffei? Sabe-se que passou seus dois ou três últimos anos, escrevendo-as. Nessas memórias certamente ele derrama luz sobre as trevas, filosofa e diz coisas práticas também, de sua vida de médico, como nas cartas. Editor? Os poucos que ainda existem estão preocupados em publicar a vida de personalidades do mundo do futebol, da política ou da alta sociedade. E algum livro de religião ou cabala. Nada mais.

De Lisboa, periodicamente, recebo cartas do Dr. Joaquim de Montezuma de Carvalho, advogado, historiador, jornalista, cronista e, sobretudo, homem de alto pensamento e de grande sentir. Acabo de receber correio seu, um envelope recheado de matérias substanciosas. Vou passar a semana lendo seus artigos e cartas. Dentro, me fez o favor de colocar cópia de três artigos meus: um publicado no suplemento literário “Das Artes das Letras” (jornal “Primeiro de Janeiro”) de Porto; e duas outras de artigos publicados no “Diário dos Açores”, tudo em Portugal.

Na categoria correspondente, não posso esquecer Rejane Machado, do Rio, contista premiada, romancista, de quem prefaciei seu último romance, crítica literária de altos conhecimentos. Suas cartas são quilométricas porém gostosas. Manda-me recortes de jornais, livros, fotos. Ela está preocupadíssima com o resultado das eleições deste ano (outubro de 2002). O marido é proprietário de fazenda em Minas. Talvez seja a reforma agrária do Lula que a preocupa mais:

– Chico, estou morrendo de medo e insegurança pelo futuro da nossa pátria. Não sei se Lula vai segurar a barra de todos os descontentes que ele tirou do limbo. Tudo o que ele agitou vai-se voltar contra ele e cobrar, cobrar muito, e caro.

– Não, minha querida Rejane, a reforma agrária será legal, quero dizer, tudo dentro da lei e da ordem. Vai diminuir a ação dos MST porque este não terá mais sentido. O governo possui terras de sobra para distribuir com os sem-terra. Com a reforma do campo, o Brasil melhorará em seus aspectos urbanos, as cidades ficarão mais tranqüilas. A criminalidade será contida. Certamente resíduos ficarão, porém em bases suportáveis. Não tenha medo de comunismo nem de socialismo. O Brasil é pluralista e democrático. Sua governadora, hoje, é uma negra: amanhã será uma branca; e ambas foram eleitas democraticamente. Acabemos com os preconceitos seculares que nos destroem.

Falo também com o meu velho amigo Theobaldo Costa Jamundá, de Sta. Catarina, de quem a Academia Piauiense de Letras, por meu intermédio, quando era Secretário Geral, publicou o livro “FEIRA DE TERESINA POEMÁTICA”, com subtítulo “Audiovisual para olhos mortais”, onde fala tanto em Teresina e no Piauí, que até parece ser ele um piauiense. Não é. Pernambucano aclimatado em Santa Catarina, dos bons. Dos amigos. E os amigos a gente nunca esquece.

Acima falamos em preconceito de cor. Que a governadora do Rio, Benedita da Silva é uma negra. Que a próxima governadora é a mulher do Garotinho já eleita, mulher branca. Ambas mulheres. Agora, para terminar e para quem não sabe, informo que o Deputado Wellington Dias, o primeiro governador eleito pelo PT no Nordeste, descende de índios talvez da tribo Jê, sul do Estado do Piauí.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras e do Conselho Estadual de Cultura do Piauí.



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