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Contos-->Ela perdoou Yemanja -- 08/09/2006 - 07:24 (CARLOS CUNHA / o poeta sem limites) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos









Pecado na verdade é não viver a vida. Deixar de lado os prazeres que ela tem para nos dar e nos trancarmos no mundo infinitamente pequeno, das pessoas que assim agem por terem medo de vivê-la.


CARLOS CUNHA






Ela perdoou Yemanja




Ela nasceu naquela pacata vila litorânea, filha do mais respeitado pescador que ali vivia. Um lugar afastado de muita coisa ruim que existe no mundo, onde teve uma infância sadia na qual andava descalça, colhia caramujos e conchas na praia e construía maravilhosos castelos de areia.
Cresceu e o tempo fez dela uma linda moça, sem tirar-lhe a inocência e a pureza infantil da alma. Tinha então os cabelos longos e ondulados, sempre escorrendo água salgada e adornados com uma linda coroa de flores. Adorava sentir a macia areia molhada ao caminhar e fazia belos colares com as conchas coloridas que apanhava, para com eles alimentar a sua vaidade de mulher. Trocou nessa época a areia pelas suas fantasias e sonhos pra erguer os seus lindos castelos. Descobriu o sabor suave dos cálidos beijos roubados nas dunas, com os rapazes que ali viviam, sempre com o torso nu expondo seus músculos fortes e a pele queimada do sol.
O fato de ser amada por todos os pescadores, com a mesma veneração que eles dedicavam a Mãe D’água, fez com que a Rainha Sereia sentisse ciúmes sem razão. Com sua raiva atiçada ela deixou que as ondas se enfurecessem e ordenou ao barlavento que não deixasse o velho pai de sua rival voltar naquele amanhecer.
O vento forte que veio do mar naquela manhã destruiu os castelos que havia na areia e as lágrimas pela filha infeliz derramadas tentaram fazer o mesmo com os construídos com os sonhos dela, que para não deixar isso acontecer deixou naquele mesmo dia aquele lugar. Não poderia mais dividir o amor daquela gente com aquela Sereia Malvada e sabia que nunca ia perdoá-la.





Longe dali conheceu a maldade, mas o grande amor que sentia pelas pessoas impediu que ela se tornasse má. Descobriu a impureza do ser humano, conseguindo manter a sua alma pura e a perda da inocência trouxe á ela a malícia, que usou como um escudo para sobreviver e evitar a dor.
Em sua caminhada cobriu-se com lindos vestido prateado e protegeu os pés com sandálias de ouro. Adorada pelos homens deles recebeu flores exóticas, perfumes suaves, jóias raríssimas e muito amor. Conheceu vários amados e visitou o céu ao se entregar aos prazeres da carne com diversos amantes.
Mas o tempo não conseguiu fazê-la esquecer as maravilhas do passado nem apagar as doces lembranças de sua infância, por isso um dia ela voltou ao paraíso em que tinha nascido.





Ela deu folga ao motorista naquele dia e vestiu-se de branco naquele dia. Pegou o primeiro ônibus estava lá logo que o dia nasceu. Sentada sozinha na areia da praia ela podia ver os pescadores sem camisa, cantando e dobrando as suas redes, enquanto suas mulheres tiravam dos barcos cestos cheios de pescado.
Uma delas, vestida de chita e descalça como todas as outras, tinha uma coroa de flores na cabeça e a olhava sorrindo. Nessa hora ela ouviu, vindo do mar, um canto suave trazido pela brisa e soube que era a Mãe D’água arrependida pedindo perdão por um dia ter levado o velho pescador, seu pai.
Chorou nessa hora, só que seu pranto era suave e as lágrimas que de seus olhos rolaram lavaram a dor que mantivera guardada por tanto tempo. Ela ouvira o pedido de perdão e sua alma perdoara Yemanja.




CARLOS CUNHA
O poeta sem limites





O escritor escreve enquanto o palhaço se auto clica









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