Há dias em que a saudade caminha pelos corredores da nossa vida.
Há momentos em que a saudade é nossa maior desconhecida íntima. Transita por nossos olhares, como se sempre tivesse feito parte do cenário da nossa existência. Como uma porta entreaberta convida os nossos passos de maneira atrevidamente cúmplice.
Há saudades que insistem em sentir o aroma de beijos que silenciaram noites. Fotografam luares e aconchegam-se no vulto de nossas lembranças, acordando desejos , enfeitiçando sonhos , arrefecendo juras de esquecimento.
Há saudades que nos abraçam em horas insuspeitas, desenhando carícias que jamais foram vivenciadas, além do horizonte dos sonhos. Lembram-nos dos nossos adiamentos e de todos os nossos "quase" e "talvez". Marcam a nossa memória de arrepios melancólicos.
Há saudades que nos olham surpreendidas pelas afinidades que foram bordadas no tear do que nos permitimos descobrir, quando mãos entrelaçaram-se e se podia ouvir os sons secretos de corações em uníssono, celebrando o que sentimos como eterno.
Há saudades que nos brindam por termos tido a coragem de sonhar, grafitando nossas vidas nos muros do realizar, onde a felicidade pode espraiar-se sem nenhum pudor.
Há saudades que nos beijam os lábios com sorrisos enigmáticos e nos tornamos presas fáceis para seus braços que conseguem descobrir os mistérios e suspiros contidos em nossos abraços.
Há saudades que nos marcam com seus sons, ora nos enlevando em ritmo de bolero, ora nos fazendo suspirar em tons de blues.
A saudade, em muito momentos, é apenas o silêncio de um poema escrito em nosso olhar.