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Contos-->Medo de fantasma? Eu? -- 29/08/2006 - 08:13 (Cybele Meyer) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
São seis horas da manhã. O despertador toca e eu me viro para a direita e mesmo sem abrir os olhos estendo a mão pra desligá-lo. O despertador está em cima do criado-mudo que separa a minha cama da cama da minha irmã. Nós duas dormimos em camas turcas, aquelas que não têm cabeceira. Ainda virada de lado e com os olhos fechados escuto minha irmã me chamar:
- Nice você já acordou? Eu ainda sonolenta só respondo : ÃÃ!!!
Sinto uma certa apreensão na sua voz, que em seguida me diz:
- Acorda, que eu quero te contar uma coisa.
- O que é que pode ter acontecido se nós ainda nem acordamos direito?
- Você não sabe o que eu vi esta noite ao lado da sua cama! Disse ela num sussurro.
Eu mais do que depressa abri os olhos e sentei-me na cama.
- O que foi que você viu? Foi uma barata? Nesta altura eu já estava entrando em pânico pois tenho horror a baratas.
- Não! Era melhor que tivesse sido!
- Fale logo pois você está me deixando preocupada, disse eu já perdendo o humor, o que pode ser pior que uma barata?
Minha irmã fez um longo silêncio e eu ali desesperada para saber do que se tratava, até que ela resolveu falar:
- Eu vi um fantasma enorme entrar no nosso quarto esta noite e ele ficou ao lado da sua cama , com os braços esticados para os lados como se quisesse te abraçar.
Naquele momento senti todo o ar dos meus pulmões irem embora. Eu não conseguia respirar tamanho era o meu pavor. Eu sempre tive medo de fantasmas e agora tinha um que vinha de noite na minha cama querendo me abraçar!!
- Como assim, um fantasma! Porque você não me acordou? Falei indignada!
- Eu bem que tentei gritar mas a minha voz não saia. Eu estava apavorada!
- Você ainda estava acordada quando ele apareceu? Perguntei!
- Eu acho que tinha acabado de pegar no sono. O que eu me lembro é que escutei uns passos de chinelo arrastando no chão do corredor. Quando olhei para a porta vi aquela coisa enorme, parecia que usava uma grande capa preta e a levantava com as mãos. Foi então que ele veio na sua direção. Fiquei então, apavorada e fechei os olhos. Não consegui mais me mexer. Só quando escutei os passos novamente indo embora foi que eu abri os olhos e vi que você continuava dormindo. Então lhe chamei baixinho, mas você não respondeu. Pensei que estava tudo bem e resolvi dormir. Até demorei bastante tempo para dormir pois o susto foi muito grande!
- Mas o quê será que o fantasma queria comigo? Logo comigo!
- E se ele voltar? Perguntei com muito medo! O quê iremos fazer?
- Eu também não sei. Falou minha irmã. Vamos pensar numa estratégia.
- Pelo amor de Deus, eu não quero que ele volte. Eu acho que não irei resistir se o ver. Meus Deus! Porquê isto está acontecendo comigo? Não tenho nada para conversar com ele ou será que é ele quem quer falar comigo?
- É claro que é ele que quer falar com você. Não foi ele que veio aqui? Diz minha irmã com tom de voz que indicava a coisa mais obvia do mundo!
Neste momento escuto minha mãe entrando no quarto, já brava pois estávamos atrasadas para ir ao colégio. Eu ainda tinha que ir comprar o pão. Hoje era o meu dia de ir à padaria. Um dia era eu quem ia e o outro minha irmã. Na verdade, detesto ir à padaria logo cedo mas não tenho outra escolha!
Tomei meu banho rapidamente, coloquei meu uniforme e saí rumo à padaria. Enquanto eu andava, eu olhava para todos os lados. Será que o fantasma estava me espiando? De dia a gente não consegue vê-lo.
Chego no meu destino e continuo a olhar para todos os lados. Quando a moça do balcão me pergunta o que quero, quase morro de susto e solto um grito. A balconista também se assusta e pede desculpas por ter me assustado. Eu lhe digo que não tem importância, peço os pães e volto pra casa numa corrida só.
Mamãe percebe minha impaciência e me pergunta se aconteceu alguma coisa. Não consigo lhe dizer nada. Tenho medo de que ela não acredite e ainda por cima brigue comigo. Ela insiste e eu respondo:
- Imagine!! O quê poderia ter acontecido? Eu dormi a noite inteira!! Só se de repente apareceu algum fantasma no meu quarto e eu não estou sabendo...
Mamãe então dá uma risada marota e se volta para o fogão para pegar o leite que acabara de ferver.
- E você Lucíola, porque está com esta cara de poucos amigos? Disse mamãe olhando para minha irmã.
- Não é nada! Eu só estou prestando atenção nas bobagens que a Nice está falando.
Acabamos de tomar café, pegamos nosso material e fomos para a escola.
Como ela ficava perto de casa, vamos a pé e fomos conversando sobre o ocorrido, tentando achar uma saída para que este episódio não tornasse a acontecer.
Eu não conseguia encontrar nenhuma solução. Não sabia que atitude tomar, foi quando minha irmã teve uma idéia.
- Esta noite nós duas não iremos dormir. Nós vamos deitar e ficar acordadas, pois assim ele verá que a gente não está dormindo e vai assustar outra pessoa.
Achei muito boa idéia, afinal era a única que tínhamos.
Fomos para a aula, mas eu não conseguia me concentrar e nem prestar a atenção no que a professora falava. Estava tão envolvida com os meus pensamentos que nem ouvi quando a professora me fez uma pergunta.
Ela primeiramente ficou preocupada achando que eu não estava me sentindo bem, mas quando percebeu que eu não tinha nada, que estava apenas distraída, então ficou furiosa e me fez uma pergunta muito difícil que eu não consegui responder. O resultado foi que ganhei um “ –1” na média.
Hoje realmente não é o meu dia de sorte!!!
Quando tocou o sinal para o recreio, minha vontade era a de não ver nem falar com ninguém. Eu não podia contar o acontecido pois ninguém iria acreditar. O que eu queria mesmo é que chegasse logo à noite, para que tudo isso acabasse, mas ao mesmo tempo, quando pensava nisso, me dava um frio enorme na barriga.
Saí em direção ao pátio e logo no final da escadaria encontrei minha irmã me aguardando:
- Eu não consegui prestar a menor atenção na aula. Disse ela desolada.
Eu então lhe contei que comigo havia ocorrido o mesmo e que até ganhei um “–1” de presente.
Não estava com a menor fome. As amigas ficavam nos acenando, nos chamando para irmos até lá para conversar.
- É melhor irmos até lá. Não podemos deixar transparecer o que está nos acontecendo. Disse Lucíola me puxando pela mão.
Todas notaram que havia alguma coisa errada, mas respeitaram o nosso silêncio.
Toca o sinal anunciando o reinício das aulas. Caminhamos em direção à sala de aula, com passos lentos e preocupados.
O dia se arrastava. A todo momento eu olhava para o relógio, e ele não andava.
Eu não me conformava! Como é que uma coisa destas podia estar acontecendo comigo! O que será que eu havia feito de tão grave!!! Eu devia ter sido sorteada na loteria do além, só podia ser isso...
Acabou-se a aula e eu fiquei na saída esperando por minha irmã para irmos embora para casa.
No caminho de volta o nosso assunto foi o fantasma. Minha irmã já estava perdendo a paciência de tanto que eu ficava perguntado “porquê comigo?”, “porque eu?”.
Até que Lucíola pergunta com rispidez:
- Por quê? Você preferia que fosse a mim que ele quisesse abraçar?
- Claro que não! Eu não preferia que fosse em ninguém. Mas o caso é que é a mim que ele quer abraçar. E abraçar porquê? Pra quê?
- AAAAAHHHHH!!!!! Não vamos mais ficar falando neste assunto afinal já estou nervosa demais.
Entramos em casa e mamãe já nos esperava com o almoço na mesa. Ela só de nos olhar já sabia que algo não estava bem. Então perguntou o que havia acontecido. Lhe respondemos que estava tudo bem. Que estávamos muito cansadas afinal, as aulas tinham sido muito puxadas e que estávamos morrendo de fome. Dessa forma deu para desviarmos o assunto.
Após o almoço fomos para o quarto. Era muito estranho ficar ali sabendo que o fantasma tinha estado naquele lugar na noite anterior e que provavelmente voltaria nesta noite. O coração não batia mais no ritmo normal, a respiração era ofegante e estávamos, eu e Lucíola, extremamente nervosas.
E foi neste clima que passamos o resto do dia. Quando a noite chegou fomos para o quarto e lá ficamos deitadas, as duas, conversando bem baixinho pois havíamos combinado que nenhuma das duas iria dormir.
De tempo em tempo eu perguntava:
- Lú, você está acordada?
- Eu estou, respondia ela.
- Se eu dormir e você escutar novamente os passos no corredor, você me chama até eu acordar, combinado?
- Pode deixar que hoje eu não vou ficar sem voz.
Nós moramos em um apartamento onde só tem uma entrada que é pela sala. A sala é muito grande e a passagem que liga a sala com o resto do apartamento é o corredor. Ele é bem comprido, assim que se sai da sala, a primeira porta à esquerda é a da cozinha, depois anda um pouco e vem a porta do meu quarto e da Lucíola que fica à direita. Logo depois é o quarto da minha mãe e depois vem o banheiro.
Eu já estou sentindo que o sono vem chegando, quero ficar conversando com minha irmã mas ela não está muito entusiasmada com a conversa e só me responde :”anrã, anrã!”.
Passa um tempo e acho que peguei no sono.
Até que escuto Lucíola sussurrar meu nome, acordo com o coração aos pulos e pergunto:
- Você me chamou?
- Escute os passos no corredor, diz ela com um fio de voz.
E realmente escuto o arrastar de chinelos cada vez mais perto. Fico com os olhos arregalados, a respiração fica suspensa, é um terror só.
De repente aparece na porta um vulto negro, enorme, como se uma pessoa usasse um enorme camisolão preto e estivesse com os braços bem aberto, e vem andando na direção da minha cama.
Eu tenho a sensação de que não irei resistir a tamanho medo.
Quando, aquela coisa chega perto de mim eu solto um grito aterrorizante.
- UUUUUUUUAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!
Minha irmã no desespero grita também:
- AAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!!!! Na mesma intensidade.
Nisso escutamos um grito de homem com voz forte:
- AAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!
E em seguida a luz se ascende e damos de cara com o nosso pai.
O susto fica ainda maior e dizemos, eu e Lucíola, como que num coro:
- PPPPPAAAAAAAAIIIIIIIIIIIII????????? Totalmente surpresas perguntamos:
- O que você está fazendo aqui?
Ele mais assustado que nós responde:
- Que gritaria é essa? Querem me matar de susto?
- Mas o que você está fazendo aqui e com o meu cobertor? Falei surpresa!
Sua voz agora está num tom bravo e ao mesmo tempo envergonhado com susto que levou e diz tentando disfarçar tudo isso:
- Você então não sabe que eu fico assistindo televisão até tarde e me cubro com o seu cobertor. Eu estava apenas te devolvendo ele. Precisa todo este escândalo?
Achamos melhor não falar mais nada pois a situação tinha ficado muito engraçada. Eu estava muito aliviada por não ser um fantasma de verdade.
Daquela noite em diante, quando ia dormir e via meu pai enrolado no meu cobertor sentia muita vontade de rir ao lembrar do susto que demos nele, mas na verdade o alívio era grande por não se tratar de um fantasma.
Afinal quem tem medo de fantasmas? Eu? Imagine!!!!
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