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Contos-->ANÔNIMO (Trechos) -- 02/09/2006 - 23:44 (Joel Pereira de Sá) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ANÔNIMO( O presente texto foi extraído do Romance "Anônimo" - 200 páginas- desse mesmo autor) JOEL DE SÁ

(...)Quem fala? Quem fala? Quem faaaala?! Jamais alguém vai saber quem fala e muito menos o que se fala, sobretudo quando quem fala é um beberrão, articulando palavras desconexas e impensadas. A aguardente deixa o indivíduo extrovertido, ela é o pecado do mundo. Todos os peregrinos condenam Raimuundo Preto por esse maldito vício... Todos os homônimos, os que se confundem, os que não se encontram, os que se encontram e não se reconhecem não devem desdizer o que foi gravado nas Doze Tábuas com pena de não poderem penetrar no Grande Templo e nem mesmo embarcar na nave chamado Terra(...) Ninguém mais cometia pecado, somente Florinda. Ela seria a grande penitente. Teria que esperar nova escala da nave chamado terra naquela estação. Sua cabeça deveria permanecer coberta por um véu... ela ficou confinada em seu quarto, chorando, pagando sua pena, sentindo as dores do mundo, dores que não foi ela quem inventou. Por que deveria pargar pelas dores do mundo?(...)Os monges respiram fundo. A palavra não é mais privilégio só deles, embora eles permaneçam meditando nos claustros. Há templos muito maiores e muito bem equipados. Outros homens podem meditar orientados por modertnos ábacos, controlados por sofisticadas ampulhetas, sem necessitar de recorrer a eles. Os imperadores, senadores, os juízes, os professores e os generais fecham-se em seus palácios, parlamentos, tribunais, universidades, quartéis que são seus templos intransponíveis e em poucos minutos elaboram uma nova ideologia, seja em nome do amor ou do ódio, da comunidade ou do neocolonialismo(...) Antônio Mendes Maciel não se cala. Ele fala como um papagaio e os que estão sob a árvore entendem sua palração. Sua palavra não deve se tornar fruto, não deve guiar uma comunidade e muito menos uma nação... Virgulino Ferreira conduz a Injustiça em nome de uma eventual Justiça. Chiquinho continuou manchando os campos, caatingas e cerrados com o falso sangue. Foi a justiça do indiozinho, ele que não possuía tanque, avião, infantaria ou cavalaria. Ninguém soube responder sobre a justiça. Assim, somente a Injustiça de Virguliuno Ferreira conseguiu representá-la e ele foi batizado por um justo religioso... Virgulino Ferreira não tinha o dom da palavra e mesmo que falasse sua voz não seria ouvida. Por isso teve que lançar mão de um doloroso artfício: usou seu papo-amarelo para abrir a bala caminho à palavra... Negros, índios, cafuzos, caribocas, caboclos e mamelucos. Idéias, ideologia, palavras... engoliram minha língua... dela tiraram os fonemas que bem quiseram (...) As cruzes naquela rodovia parecem sempre representar um sacrifício desnecessário. Se é que para o progresso é necessário se empreender um sacrifício, esse mesmo progresso está longe de representar um benefício aos plúmbeos. Glauber Rocha redesenha o sertão, saca do rifle papo-amarelo e sai disparando para todos os lados. Mata todos os ratos que insistem em espalhar o montãop de lixo acumulado pelos Homens que Tudo Podem. Aí é sentenciado à pena de morte e ainda jovem e produtivo é forçado a se manter num caixão frio... Cego Aderaldo teve a felicidade de não poder vislumbrar com os a vida do formigueiro humano e talvez por isso conseguiu disputar com tanta veemência a força da palavra - a força, não o poder - pois sua palavra falada foi limitada não pelas fagulhas do papo-amarelo, mas pelo míssil da Grande Palavra dos Homens que Podem Tudo... Mário Juruna esbofeteia e cochila sobre a mesa do parlamento. Nenhum branco, nenhum preto, nenhum plúmbeo o escuta: sua palavra é dissonante e só causa eco no meio da floresta. Lá o mundo é pequeno. Seu mundo não é como o de Nelson Rodrigues e de Plínio Marcos os quais tentaram profanar a palavra para sacralizar os atos. Trataram a verbalização com tanta agressividade que os Homens que Tudo Podem detectaram naqueles gestos de ousadia e coragem o auge da ternura. Nelson descobre que as mulheres-formigas não sabem o que é prazer, mas gozam aos gritos para todo o mundo ouvir. Plínio Marcos escandiliza-se do excesso de prazer das Mulheres que Tudo Podem, afirmando que esse direito é somente da mulheres-formigas.(...)
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