Índia: aborto de meninas, «crime contra humanidade»
Segundo o arcebispo de Bombaim
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ROMA, terça-feira, 26 de junho de 2007
O arcebispo Oswald Gracias, de Bombaim, que é também presidente da Conferência Episcopal da Índia de rito latino, lançou um chamado à sociedade a favor da proteção da vida humana e, sobretudo, para pôr fim ao aborto seletivo de meninas.
Em declarações realizadas ontem para a associação católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), qualificou esta prática tão estendida na Índia de «crime contra a humanidade».
Em muitas famílias indianas, as meninas não são bem-vindas, explicou, pois muitos pais preferem ter filhos homens. A medicina moderna lhes permite conhecer o sexo do bebê antes de nascer e, portanto, eliminar as meninas de forma deliberada por meio do aborto.
O arcebispo assinalou que a Igreja Católica recordou publicamente estas crianças assassinadas «para dirigir a atenção da sociedade ao mal do aborto».
Segundo ele, a Igreja indiana exerce certa influência no âmbito da proteção da vida e, acrescenta, os círculos intelectuais hindus também estão começando a reconhecer o valor da vida.
O arcebispo Gracias, que está há seis meses no cargo, também comunicou sua intenção de fomentar a consciência política entre os católicos.
«Esperamos que assim sejamos capazes de contribuir para a criação de uma sociedade melhor», explicou, acrescentando que é inaceitável que a corrupção esteja tão estendida em todos os níveis na política.
Também disse que a Igreja deseja comprometer-se cada vez mais na defesa dos direitos humanos.
A seu modo de ver, uma Igreja bem organizada pode tender a concentrar-se muito em si mesma, e considera que a Igreja na Índia também deseja e necessita olhar para o exterior. Neste sentido, assinalou a especial importância da promoção dos direitos das minorias étnicas.
«O Governo não considera esta questão como prioritária. Nós, como Igreja, estamos nos dedicando a estas pessoas e ajudando-as a obter uma formação escolar e uma atenção à saúde, mas o partido fundamentalista hindu nos acusa de proselitismo», explicou o arcebispo Gracias, que assegurou que para formar «um grupo de pressão para os marginalizados» é necessário intensificar o trabalho nos meios de comunicação da Igreja e desenvolver uma boa estratégia nas relações públicas.
A arquidiocese de Bombaim é a maior diocese da Índia. Quase meio milhão de seus 13 milhões de habitantes é católico. A Igreja conta com 600 sacerdotes e 1.600 religiosas, e dirige 150 escolas.