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Artigos-->Um Contraditório - Homens de Pouca Fé -- 15/10/2002 - 16:45 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Homens de Pouca Fé – Pequeno Contraditório

(por Domingos Oliveira Medeiros)



“Há mais coisas entre o céu e a terra do que possa sonhar nossa vâ filosofia”.



Entendo que não se deve, a partir de um caso específico, ou de alguns de mesma monta, dissociados de um contexto mais amplo, decidir pela generalização do entendimento firmado, tão-somente, a partir da análise daqueles fatos.



Agir assim implica evidenciar contraditórios aparentes e conclusões equivocadas. A cura de Monika Besra, de 30 anos, citado no artigo ora em comento, “Homens de Pouca Fé”, do companheiro Carlos Luis de Jesus Pompe , é bom exemplo da tese que ora defendo.



Evidentemente, não se quer aqui entrar no mérito do caso em si, posto que nos faltam elementos para que possamos estabelecer, com segurança, uma posição clara a respeito da conclusão com a qual o nosso amigo sugere concordância plena: a de que a Congregação para as Causas dos Santos teria, de forma enganosa, atribuído a cura de Monika ao milagre divino, enquanto que, por conta da ciência dos médicos, a explicação teria sido outra. De que não houvera milagres, à luz da ciência dos homens.



A primeira leitura que se pode fazer desta conclusão, ao meu ver, precipitada, é a de que não se pode deixar de considerar que à sobredita Congregação não interessa arvorar-se em sensacionalismos para justificar o injustificável. Seria considerar a organização religiosa bastante irresponsável perante aos seus seguidores. Ademais, é de supor que a Congregação, face aos objetivos a que se propõe, além da experiência necessária, deva possuir instrumentos de avaliação capazes de separar o joio do trigo. O que é farsa do que seja realidade. O que é cura científica de cura pelo milagre da bênção.



Há que se distinguir, portanto, o “ver-para-crer” da ciência, que pertence ao plano terreno, que é essencialmente natural, da fé no plano divino, que, por si só, é sobrenatural. Depois, no texto aqui abordado, ficou no ar a questão da Madre Teresa de Calcutá que, por si só, foi, indiscutivelmente, a ´versão personificada da fé aqui na terra. (Sugiro a leitura de meu Ensaio, “A Pequenina Poderosa, de 14 de outubro de 2002, a respeito).



Aliás, a Madre Teresa de Calcutá não fez outra coisa aqui na terra do que nos mostrar do que a fé é capaz. Dedicou-se inteiramente às questões da fraternidade, do amparo aos miseráveis, os combalidos pela fome e pela doença, os aleijados, enfim, dando-lhes o amor e renovando-lhes as esperanças. Só aqui poderíamos falar de milagres. Quem nos garante que muitas das curas realizadas por Madre Teresa não teria sido possível se ao seu lado não tivesse ajudando a mão abençoada do milagre? Será que apenas o cobertor com que ela cobria os que sentiam frio seria suficiente para dar-lhes o calor de que precisavam?



Ficou no ar, ainda, a sensação de que a farsa do milagre, além de usual, tem sido motivo de desmerecimento à ciência dos homens. O que seria, caso verdadeira a hipótese aventada, um verdadeiro absurdo. De outra parte, o fato narrado exaustivamente fora de seu contexto, nos remete a uma questão antiga, a do “reducionismo científico” de que nos fala o escritor Jorge Cintra.



O escritor Jorge P. Cintra, Doutor em Engenharia e professor de Filosofia da Ciência e da Técnica da USP, em seu livro “Deus e os Cientistas” – Ed. Quadrante, assim se pronuncia: “Segundo o mecanicismo, a pedra filosofal já não necessitaria de ser procurada (...) ela estaria dentro de nós mesmos, representada pela razão e pela ciência. (...) nada ficaria por explicar: era apenas uma questão de tempo. E, com a explicação científica, muito em breve a religião deixaria de existir ou pelo menos deixaria de ser necessária”. É o que supracitado escritor define como “Reducionismo Científico”.



No entanto, enfatiza o escritor mais adiante, que o afã de explicar todas as coisas pela via do “cientificismo”, é uma pretensão que vem se mostrando ao longo de tempo, totalmente descabida. Basta lembrarmos do dia em que o homem, pela primeira vez, pisava a superfície lunar.



Este feito científico, datado de 1969, e visto pela televisão por milhares de pessoas, ao vivo, foi o acontecimento mais importante do século. Falava-se que o feito iria causar profundo desgaste nas convicções religiosas. O tempo passou. E a religião continua, com suas verdades, imutáveis.



A única coisa que ficou comprovada, a partir daquele acontecimento, é que continua a intromissão, ingênua e irresponsável, de amadores e profissionais da ciência, movidos talvez pelo egoísmo e pela vaidade, em campos que lhes são desconhecidos, em especial o da religião, onde tentam descobrir “furos” para que suas teses contrárias à existência de um Ser Superior, possa dar lugar ao espaço pretendido por eles para substituir o próprio Deus.



La Place, por exemplo, “pretendeu atingir uma compreensão total do mundo a partir da simulação do universo, valendo-se de um sistema de equações diferenciais em função do tempo. O conhecimento de um estado inicial (a posição e a velocidade de todas as partículas do universo) e a correspondente solução das equações, teria como conseqüência a possibilidade de prever o futuro e de conhecer o passado com precisão.”



Esta afirmação, mais recentemente, foi levantada por outro cientistas, chamado Henri Poincaré, que modificou o argumento levantado por La Place para incluir o método dos elementos finitos e o cálculo por computador. “Referidas pretensões, como não poderiam deixar de ser, foram consideradas, posteriormente, inconsistentes e improváveis.” Seus autores teriam desconhecidos alguns detalhes importantes: de um lado, as limitações da própria ciência, e de outro, da própria inteligência humana. E, por fim, não menos importante, deixaram de levar em conta “a riqueza, a imensidão e a inesgotabilidade do mundo real”, conforme nos ensina Jorge P. Cintra, em “Deus e os Cientistas”, Ed. Quadrante, página 19.



Já o grande filósofo e matemático Descartes, reconhecidamente um dos grandes nomes da ciência de todos os tempos, tentou extrapolar suas convicções matemáticas para todos os ramos do conhecimento humano, chegando ao cúmulo de pretender realizar racionalmente o grande sonho do mundo antigo e medieval: a fonte da juventude. “Uma medicina matemática” haveria de permitir-nos viver para sempre, coisa que Descartes decerto almejava. “Nem será preciso dizer quem ganhou esta corrida contra o tempo. Descartes, como qualquer mortal, acometido de uma pneumonia aguda, faleceu em fevereiro de 1630.”



Diante da beleza e das maravilhas do universo em que vivemos, todos os homens sonharam, levantaram teses ou simplesmente admiraram ou escreveram sobre ele um punhado de versos, carregados de emoção. E alguns pensaram em dominá-lo, excluindo ou negando a presença ou a existência do Criador.



A mecânica e a astronomia conseguiram fazer muitas descobertas e previsões, descrevendo trajetórias, calculando posições de astros no espaço e explicando fenômenos até então surpreendentes e desconhecidos. Estes fatos, tal como Descartes havia feito com a matemática, levaram alguns cientistas a servir-se das teorias inseridas na mecânica para tentar explicar todos os fenômenos da natureza, chegando a conceber o universo inteiro como sendo um conjunto simplório de máquinas e mecanismos. Era o determinismo universal que negava a liberdade humana e a existência de Deus. La Place foi vigoroso adepto desse tipo de cientificismo. “Decorridos quase trezentos anos, os cálculos astronômicos ainda não explicam perfeitamente sequer o movimento dos planetas.”



O próprio Newton, fundador da Mecânica, reprovava alguns físicos por “excluírem das suas considerações toda a causa que não seja a matéria pesada, ou imaginarem hipóteses (puras elucubrações mentais sem apoio na realidade) para explicar mecanicamente todas as coisas”. Contrariamente aos que pensavam como os mecanicistas, Einstein afirma: “Não há teorias eternas em ciência. Sempre acontece que alguns fatos previstos pela teoria são dasaprovados pela experiência”.



Auguste Comte, depois de rejeitar a teologia e a metafísica, em suas pesquisas, deixou de lado o “porquê” das coisas para ficar somente no “ como”. As leis, e não as causas, seriam a única explicação válida para qualquer fenômeno. Com o passar dos anos, Comte foi se dando conta de que estava redondamente enganado. E passou a percorrer o caminho inverso do que tinha até então pregado em seu positivismo: partindo da ciência, passou pela filosofia para acabar na religião. No fim da vida, Comte sentia-se cada vez mais convencido da “santidade” de sua missão.



A conclusão de tudo isto é a de que “se se rejeitam a filosofia e a religião por não serem suficientemente científicas para explicar a realidade, acaba-se chegando a um mundo estranho, que destrói a própria ciência, substituindo-a por um sucedâneo de tipo filosófico ou pseudo-religioso que, no final das contas, não se justificam por princípios racionais ou científicos.



O autor de “Deus e os Cientistas” nos ensina que “todas as ciências são importantes: todas elas têm um lugar ao sol, e nenhuma pode ter a pretensão exclusivista de considerar-se a mais importante ou de querer impor o seu método às demais”.



Ao longo de nossas vidas, o conhecimento que adquirimos ou vem por meio da experiência direta ou através da confiança na palavra daqueles que nos transmitem as informações, ou seja, através da fé humana. :Para viver, temos que acreditar no que dizem os jornais, os livros, os professores, os cientistas, a televisão, o cinema, etc., naturalmente que para tanto necessitemos, sempre, praticar o exercício do bom senso crítico. O que não podemos, ou não devemos é, a todo tempo, nos colocarmos em posição de desconfiança, posto que, desse modo, não viveríamos. Dizemos isso para lembrar que a fé religiosa é também uma forma de conhecer. Significa acreditar nas verdades reveladas por Deus. Neste sentido, a fé não é uma luz no final do túnel. Nem uma confiança cega. É um meio de acesso a uma série de verdades que dificilmente seriam atingidas por outros meios.



“Contrariamente ao que pensam alguns, a fé não é, portanto, algo puramente subjetivo, emocional ou mesmo irracional, no sentido de ser totalmente absurda e incompreensível”. A fé, é, também, um ato de razão, que reflete e entende o seu conteúdo, “ainda que imperfeitamente, como aliás acontece com muitas verdades naturais”.



E continua o autor do citado livro: “As verdades da fé são supra-racionais, no sentido de que superam a nossa capacidade de compreensão, mas não são irracionais (contrárias à razão). Não existe uma ruptura entre a fé e a razão, mas sim uma harmonia e equilíbrio, como magistralmente o estabeleceu São Tomás de Aquino. A razão, trabalhando sobre as verdades da fé, pode chegar muito longe, como se vê pela evolução e pelo alcance dos diversos ramos da teologia”.



Entretanto, sempre haverá gente disposta a acreditar somente no que vê e no que sente. Sempre haverá, por conseguinte, os que permanecerão adeptos do materialismo. Para estes, vale lembrar que os conceitos de espaço, tempo, matéria, energia e vácuo, segundo o Dr. Jorge P. Cintra, já citado, têm um significado físico diferente dos seus semelhantes em metafísica. Por isso, não faz sentido falar de fenômenos físicos anteriores à criação do universo. Não cabe, portanto, insinuar qualquer elo causal entre a criação do universo e o famoso Big Bang, pois antes desta propalada grande “explosão” , já havia algo, ou seja, justamente aquilo que teria explodido. “O nada metafísico (a ausência de ser) não se confunde com o vácuo da física nem com a ausência da matéria, pois aí continua a existir alguma coisa, pelo menos o espaço físico”.



Outro falso mito é o de que os cientistas não acreditam em Deus. Este mito, além de ser falso, tem como objetivo maior, dar entender que todas as pessoas inteligentes e esclarecidas não aderem às invenções ou fábulas de religiosos. E que, esses gênios, os cientistas, por isso mesmo, já teriam chegado à conclusão inevitável que Deus simplesmente não existe. Uma grande balela, esta sim, de quem não tem argumento convincente para consolidar o seu desejo injustificável da não existência de Deus. Talvez, quem sabe, para evitar um confronto futuro com a verdade verdadeira, com a sua verdade, que é sempre aparente. A verdade que lhe interessa.



Não bastassem todos esses argumentos, arrolamos, em seguida, alguns pronunciamentos de cientistas famosos, de cujas capacidades intelectuais não podemos duvidar, contidos no livro que nos serviu de base:



“Isaac Newton (1642-1727) – fundador da física clássica – “A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode”. Alessandro Volta (1745-1827) – físico italiano – descobriu a pilha elétrica. “Submeti a um estudo profundo as verdades fundamentais da fé, e (...) deste modo encontrei eloqüentes testemunhos que tornam a religião acreditável a quem use apenas a sua razão”.André Marie Ampére (1775-1836) – físico e matemático, descobridor da lei da eletrodinâmica – “A mais persuasiva demonstração da existência de Deus depreende-se da evidente harmonia daqueles meios que asseguram a ordem do universo e pelos quais os seres vivos encontram no seu organismo tudo aquilo de que precisam para a sua subsistência, a sua reprodução e o desenvolvimento das suas virtualidades físicas e espirituais” .Jons Jacob Berzelius (1779-1848) – químico sueco, descobridor de vários elementos. “Tudo o que se relaciona com a natureza orgânica revela uma sábia finalidade e apresenta-se como produto de uma Inteligência Superior”.William Thompson Kelvin (1824-1907) – físico, pai da termodinâmica. “Estamos cercados de assombrosos testemunhos de inteligência e benévolo planejamento; eles nos mostram através de toda a natureza a obra de uma vontade livre e ensinam-nos que todos os seres vivos são dependentes de um eterno Criador e Senhor”.Thomas Alva Edison (1847-1931) – inventor com mais de 2000 patentes, entre as quais, a da lâmpada elétrica. “Tenho enorme respeitok e a mais elevada admiração por todos os engenheiros, especialmente pelo maior deles: Deus!”.Arthur Eddington (1882-1946) – físico e astrônomo. “A física moderna leva-nos necessariamente a Deus”.Max Plank (1858-1947) – físico alemão, criador da teoria dos quanta. Nobel de 1928. “ara onde quer que se estenda o nosso olhar, em parte alguma vemos contradição entre ciências naturais e religião, antes encontramos plena convergência nos pontos decisivos. Ciências naturais e religião não se excluem mutuamente, como hoje em dia muitos pensam e receiam., mas completam-se e apelam uma para a outra. Para o crente, Deus está no começo; para o físico, Deus estás no ponto de chegada de toda a sua reflexão”.Albert Einstein (1879-1955) – físico, judeu alemão, criador da teoria da relatividade. Nobel de 1921. “Todo o profundo pesquisador da natureza deve conceber uma espécie de sentimento religioso, pois não pode admitir que seja ele o primeiro a perceber os extraordinariamente belos conjuntos de seres que contempla. No universo, imcompreensível como é, manifesta-se uma inteligência superior e ilimitada. A opinião corrente de que sou ateu baseia-se num grande equívoco. Quem a quisesse depreender das minhas teorias científicas, não teria compreendido o meu pensamento”.Werner von Braun (1912-1977) – físico alemão radicado nos EUA. Diretor técnico da NASA, responsável pela colocação do homem na lua. “Não se pode de maneira nenhuma justificar a opinião, de vez em quando formulada, de que na época das viagens espaciais temos conhecimento da natureza tais que já não precisamos de crer em Deus. Somente uma renovada fé em Deus pode provocar a mudança que salve da catástrofe o nosso mundo. Ciência e religião são, pois, irmãs, e não pólos antitéticos”. E: “Quanto mais compreendemos a complexidade da estrutura atômica, a natureza da vida ou o caminho das galáxias, tanto mais encontramos razões novas para nos assombrarmos diante dos esplendores da criação divina”. Conclusão: “A ciência bem feita conduz a Deus”.





Reflexões baseadas na obra de Jorge Pimentel Cintra, Deus e os Cientistas – Ed.Quadrante – São Paulo – 1990.







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