ÀS PORTAS DOS SETENTA
Maria Hilda de J. Alão.
A política é uma fétida carcaça, da qual os urubus retiram as parcas carnes dum povo sofrido que sustenta o país com suado e honrado trabalho. Levam tudo que é bom. Como Judas, vendem os bens do país por trinta dinheiros deixando a sociedade exaurida nadando em mazelas mil. Quem trabalha mora no lixo, enquanto eles que nada fazem vivem no luxo das mansões em jardins e planaltos.
Oferecem churrasco em comemoração a supérfluas datas que, Ã nação, não dizem nada. Nas ruas e favelas crianças morrem de fome em plena campanha de "fome zero". Os que escapam da morte por inanição, engrossam as filas de doentes, mendigando atendimento nas portas de hospitais que são o inferno na terra. E os urubus, insensíveis, desviam a verba da saúde, da educação e de todas as áreas que possam beneficiar o povo, para seus ninhos em países estrangeiros.
Eu cansei. Cansei de ser rotulada de "idiota que não sabe votar". Mas como votar certo se os postulantes são diabos disfarçados de anjos? Cansei de fazer a minha parte, pois não a vejo frutificar. É como jogar sementes no deserto do Saara. Só sei que o meu salário, que já sofria de nanismo, está encolhendo mais e mais. Lá, no covil, os lobos estão enfurecidos comendo nossos parcos rendimentos, num banquete de impostos sobre impostos, taxas sobre taxas, aumento de telefone, pedágio, luz, gás e etc. Tal voracidade acabará por gerar uma nova classe social: a classe dos que ganham "salário zero". Os que recebem o salário mínimo serão a "classe média" do futuro.
Por isso estou dando uma "banana" para esse bando de hienas famintas, que por muito tempo abocanhou o meu voto, debochou dos meus anseios de ver uma sociedade justa, sem cotas para negros. Quero um país onde a educação seja igual para todos, sem exceção. Dou uma "banana", pois estando à s portas dos setenta posso ou não votar neste país do penta. E, aproveitando a oportunidade, neste momento de "fome eleitoral" - vão plantar batatas seus incompetentes...
01/07/04.
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