Usina de Letras
Usina de Letras
138 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62236 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50631)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140806)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6191)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->ENCONTRO INESPERADO -- 18/08/2006 - 22:05 (Paulo Marcio Bernardo da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ENCONTRO INESPERADO


Geraldo é um rapaz criado na periferia de S. Paulo, como tantos outros que por um desvio de caráter tendem a tornar as coisas mais emocionantes, mas fora da lei. Filhos de um casal trabalhador e irmão de mais sete crianças, ele é o segundo, com apenas 19 anos de idade. Só pôde estudar o ensino fundamental e assim mesmo aos trancos e barrancos. Já aos 16 anos, começou a cometer pequenos roubos no comércio para patrocinar o seu uso de maconha. Daí para o envolvimento maior com outros delitos de maior importância, foi apenas questão de tempo.
Tendo aprendido a dirigir em uma oficina onde fazia biscates como lavador e polidor de automóveis, Geraldo começou a ficar encantado pelos carros de luxo que encerava e com todos os seus equipamentos, principalmente os de som, que tinha oportunidades de ouvir enquanto trabalhava. Todavia a distância entre possuir um daqueles veículos e a sua realidade era muito grande.
Começou então a arquitetar roubos maiores para poder alcançar o seu objetivo principal que era levar uma vida com dinheiro suficiente para conseguir os bens de consumo que os clientes daquela oficina possuíam.
Roubar rádios com CDs e outros equipamentos passou a ser um segundo trabalho para o rapaz, que já havia conseguido um parceiro para os negócios. Esses furtos foram acontecendo cada vez mais freqüentes e agora ele e o sócio, já possuíam algumas roupas de marcas, não tinham problemas em adquirir o tóxico que consumiam e podiam freqüentar ambientes mais requintados.
Geraldo era um rapaz inteligente. Conseguiu continuar no emprego para manter o relacionamento com as pessoas de maior poder aquisitivo, e por ser agradável e com boa aparência conseguiu também confiança dos patrões e clientes da oficina. Lá, ele se mantinha correto e honesto. Não furtava e não consumia drogas. Realmente Geraldo era tido como bom funcionário, pois fazia o seu serviço com competência. Entretanto havia a vida paralela, aquela desconhecida do pessoal da empresa.
Certo dia, Geraldo quis dar um pulo maior. Ele e seu parceiro resolveram roubar um carro ao invés dos equipamentos, assim fizeram e foram bem sucedidos. Roubaram um carro semi-novo e o venderam sem grandes problemas.
Dividiram o dinheiro, fizeram uma farra e compraram dois carros de menor valor, um para ele, outro para o sócio. Dessa forma eles começaram a seguir o caminho dos roubos de automóveis sem até aquele momento ter problemas com a policia e a justiça.
Os dois rapazes foram se aperfeiçoando nos negócios ilícitos. Uma das formas que operavam era o seguinte: roubavam um carro popular (1000), entravam em um estacionamento de um shoping, apanhavam o documento do estacionamento, passeavam olhando as vitrines e tomando um sorvete ou refrigerante e adulteravam o documento fornecido pelo controlador do estacionamento e saiam com um veiculo de luxo passando pela cancela de saída, muitas vezes sem que o documento fosse verificado.
O furto só era detectado quando o verdadeiro proprietário chegava ao local, causando grande problema para o estabelecimento e para a segurança do shopping. Afinal alguém teria falhado no controle dos veículos que por lá passavam. O seguro ficava com o prejuízo, vários funcionários eram demitidos, e os dois rapazes com mais um carro novo para vender, depois dos documentos esquentados (falsificados).
O negócio foi promissor até que usando o mesmo procedimento Geraldo e o sócio foram abordados e presos na saída de um shopping que teria sido avisado do golpe da troca de documentos na saída do estacionamento. Para surpresa dos rapazes, o veículo roubado pertencia a um advogado que era cliente da oficina em que Geraldo trabalhara e que sempre lhe confiara às chaves do seu antigo veículo e que Geraldo esmerava na sua lavagem e polimento.
Surpreso também ficou o advogado com tal procedimento daquele rapaz que lhe parecia um profissional honesto e dedicado.
Tal encontro desagradável e com surpresas de ambas as partes, o advogado tomou uma decisão bastante inesperada. Acompanhou os rapazes até a delegacia e se apresentou como sendo o advogado dos rapazes para a defesa dos delitos.
Ficara gravado na memória do Dr. Marcos (esse era o nome do advogado) a amizade e o carinho que Geraldo conseguira com seu modo de tratá-lo quando prestava serviços, e com os recursos da lei conseguiu minimizar a pena que foi atribuída aos dois jovens que agora em liberdade voltaram à vida social de forma digna e admirável.
Esse é apenas um caso onde o perdão e o amor podem mudar conseqüências sociais, devolvendo dignidade e possibilitando a recuperação de indivíduos que levados pela necessidade de consumo cometem erros que raramente acabam com esse final feliz.


Obs.: Esse é um conto fictício de difícil compreensão, mas que pode acontecer em uma sociedade consumista com poucas oportunidades para jovens como Geraldo e advogados como Marcos, que ligados por fatores emocionais conseguiram me fazer escrever e refletir sobre o assunto.
Não me vejo tendo o mesmo comportamento que o Dr. Marcos.
Teria eu com minha formação culpado e agravado o caso de Geraldo?
Não sei......o momento faz o ladrão e a humildade os bons cidadãos.



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui