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Cronicas-->Colar de flores -- 23/06/2004 - 00:20 (Érica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um dia morei numa rua poerenta ao sol, lamacenta na chuva, intransitável a qualquer hora do dia ou da noite. Em frente de casa não havia outras casas, como em ruas outras. Havia um barranco coberto de mato, onde as árvores se agarravam pelas raízes como suicidas tentando se aparar em alguma coisa. As raízes ficavam meio que enterradas e meio que aéreas - em algumas delas a molecada fazia exercício, se pendurava e se balançava, desafiando a gravidade. (Hoje isto se chama musculação e se pagam tubos para se esticar numa tubulação fria e sebenta...) - Mas então era esta a paisagem que se via de casa.

Descendo o barranco havia uma pequena clareira. Lá nós, as meninas, brincávamos. Eu era a mais velha, portanto, mais olhava do que participava. As garotinhas traziam suas bonequinhas e ali ficavam vestindo e desvestindo as suas filhinhas.

Emoldurando a clareira havia um pé de brincos-de-princesa. A flor mais bonita que já vi até hoje... cor de púrpura ou algo assim. O mais interessante é que o cabinho dela se metia no interior de uma outra e se ia formando colares e pulseiras de brincos-de-princesa, além dos próprios brincos, claro está.

Fiz inúmeros colares com aquelas flores. Ou o colocava em mim ou o levava para casa para presentear minha mãe. Ela, sempre ocupada com seus afazeres, mal lhe dava uma olhada, murmurava alguma coisa - nada estimulante para os meus dons artísticos, desabrochando com as flores.

Guardei um daqueles colares, esmagado entre as páginas de um livro. No ano passado - nossa, já faz um ano! - estive em casa e fui recolher algumas coisas. Não é que deparei com aquele livro... sem saber que lá tinha depositado uma parte da minha infància. O colar esmagado, suas pequenas pétalas grudadas por duas páginas, ali estava o colar da menina que um dia fui.

Parecia um sonho. Parecia um sonho. Ver aquele colar de brincos-de-princesa ali esmaecido pelo tempo, mas ainda com as cores relativamente vivas, ali espalhado entre as duás páginas abertas... parecia um sonho.

Um sonho esmagado?
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Érica Eye
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