A morte do coreano me abalou. POis o vi na TV gritando com todas as forças vitais que ele tinha, que o seu governo o salvasse. Mas ele foi sacrificado. Tanto os coreanos quanto os muçulmanos fanáticos não quiseram ceder. E um homem de 35 anos foi executado. Isto está ficando pior do que o inferno. Porque para o inferno - estou utilizando uma metáfora, pois não acredito no inferno - vão aqueles que cometeram algum erro grande e são castigados assim. Mas este homem não cometeu nenhum erro, nenhum crime - o apanharam a esmo, porque trabalhava para uma companhia ideologicamente não-compatível com as ideologias dos muçulmanos fanáticos. O homem estava trabalhando porque é nosso destino trabalhar. E trabalhamos para comer, para viver, para presentear parentes e amigos, para estar em paz... o trabalho é parte da nossa vida. O homem não estava roubando. Estava trabalhando.
E virou um objeto de troca, de chantagem. Uma vida jogada num negócio. Como se ele fosse uma ficha numa roleta.... Era um homem. Teve uma infància. Foi à escola. Teve seus amores e seus dissabores. Como todo o mundo. Queria viver. Pediu tanto para viver! Eu não entendi nada do que ele falou, aliás, nem captaram os sons - mas os gestos, os desesperados gestos que ele fez com as mãos, o rosto, o corpo todo - a tal ponto que até o cumprimento oriental, de dobrar o corpo pela cintura, ele mal conseguiu fazê-lo.
Estou desolada com os caminhos que o mundo está tomando. Com esta carga imensa que os ocidentais são para os muçulmanos fanáticos e a mesma carga que esses são para nós, no mundo ocidental.
Estou desolada. Uma prece para o coreano morto -- porque acordou, se lavou, se penteou e foi trabalhar...
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Érica Eye