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Cronicas-->Publicação alheia -- 21/06/2004 - 13:26 (Érica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Ele era de pouco elogio, fingia que não via as mudanças na casa e quando lia meus textos, me dava a impressão de que nada o impressionava. Ele era frio? Não, não era. Na cama era até que muito pra lá de bom. Meu marido. Meu ex-marido. A frieza dele era nas coisas diárias. Eu pedia que parasse na esquina e trouxesse pão fresco para o jantar - a padaria fazia uns pães que só vendo, às quatro e meia, todas as tardes, pão fresquinho pro jantar.Às vezes ele se lembrava, às vezes não. Eu telefonava pro escritório pra lembrar e ele assim mesmo se esquecia. Eu não sei o que ele tinha na cabeça. Acho que ele só pensava em sexo. Assim que abria a porta já entrava com os olhos brilhando. No começo do casamento era ótimo, né. Tudo era ótimo. Eu também adorava tudo que ele fazia. Eu sou muito liberada, sabe. Não tenho nada de que isto pode e isto não pode. Sou o contrário do que me ensinaram lá em casa. Comigo tudo podia. Era meu marido, não era? Mas passando esta fase, já o sexo não era o mesmo, ele foi envelhecendo e eu também, claro, então era só de vez em quando. Mas nunca dormimos separados. Só uma vez, quando fiz uma operação pra retirar um carocinho do seio, aí quis dormir mesmo sozinha. Ele foi pro quarto dos meninos, já não eram meninos, eram mocinhos, os dois internados no colégio militar. Meu marido não era militar, mas o pai dele foi. Vai ver que é isto que fez dele este homem seco, duro, frio, impossível de agradar. Eu trabalhava numa editora (foi lá que a gente se conheceu, né?) e fazia cada texto de tirar o chapéu mesmo... Ele lia, porque eu praticamente enfiava por baixo do nariz dele, tinha esta dependência dele, queria que ele aprovasse tudo o que eu fazia... ele lia, percebia que era um texto muito bom mesmo, mas não dizia nada, e se dizia, era só isto: hmmm, tá bom... - E quando eu me afastava com o texto, ele esticava a mão pra passar no meu traseiro. Ele me via apenas e só como objeto sexual? Vai ver que sim. Mas eu queria mais, queria atençao de gente pra gente. Eu gostava dele, do jeito dele, e ele gostava do que eu cozinhava, ele dizia que eu era uma cozinheira boa e não uma boa cozinheira. Tudo era só sexo. Tanta mulher querendo sexo, né? Eu tendo demais. Não aguentei. Não foi o sexo demais, porque com o tempo, como te disse, foi diminuindo. Mas foi o jeito dele - a frieza, a distração. Outro dia eu fiz de propósito, desloquei os móveis da sala de visitas, coloquei a poltrona em que ele se sentava longe do abajur e a estante onde ele encostava os óculos perto da janela. Ele foi e se sentou na poltrona e fechou os olhos, como se estivesse tirando uma soneca. Não disse nada. Depois da janta, ele foi pra sala e colocou os móveis como estavam antes. Sem uma palavra. De noite, me procurou pro chamego. Chega pra lá! Eu não sou gente, pra conversar? Só pra isto? E o pior de tudo é que ele faz esforço pra ter. Sabe o que é que estou dizendo? É isto mesmo. Eu me conformei em não ter, mas ele não se conforma, nao. Fica quase desesperado. Tem dó. A gente tem de respeitar a idade.
Desculpe, estou te amolando muito com esta conversa? Estou escrevendo demais, né? Mas gostaria que você publicasse isto na Usina. Pode ser? Se tiver erros, pode corrigir tá? Somos amigas, não somos? Nao preciso dizer mais. - Um beijo em você - M.L.S.A.
PS - Ele acaba de entrar. Está de mal comigo! Veio buscar as coisas. Acho.- Malu"
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