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Cronicas-->"MACACO DISSE: BRINCAR" -- 20/06/2004 - 22:24 (sandra ethel kropp) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Macaco disse: levantar o braço, e todas as crianças levantavam, rindo, rindo...
- Macaquinho disse: dar um chute- e uma das crianças tropeçava no macaquinho, e estava fora da brincadeira....
E assim sucessivamente, até que restava um só, vencedor esse que sobrevivera a todos os macacos, macaquinhos, macacões, macacadas, etc...
Essa brincadeira era o delírio de todas as crianças. Imitar os gestos somente quando falássemos: "macaco". As demais variações não valiam, tirando quem imitasse o gesto da jogada.
Assim como esse jogo, elas adoravam a dança das cadeiras, corrida de saco, procurar anel na farinha, passa anel, dentre tantas outras.
O espaço era grande, um quintal de uns duzentos metros quadrados. Grama, grama e mais grama era o que havia ali, além de uns restos de comida que o cachorro largava perdido no meio do quintal e servia de alimento para passarinhos que vinham bicar de vez em quando.
O encontro nosso era uma vez por semana, sempre aos sábados, e minha vovó gentilmente cedia sua casa. E mais, fazia bolacha, bolo, trazia refrigerantes, tudo para aquela garotada feliz, que esperava ansiosamente pela chegada do fim de semana.
Para mim, era uma terapia me divertir com todos eles e me distanciar um pouco do estresse, da competitividade e da hipocrisia do mundo lá fora.
Aliás, eu estava cansada de tanto trabalhar e não me sentir realizada. Nem produtiva.
Realizava-me voltando a ser criança, em meio a todas aquelas brincadeiras, e queria que o tempo passasse o mais vagarosamente possível, tão devagar que depois eu pudesse rever em minha memória cada risada satisfeita de cada uma daquelas crianças.
Quando conseguia no final do sábado sentar na poltrona de minha avó e rever sorriso a sorriso, eu sorria para mim mesma, certa de estar realizando uma missão verdadeira, daquelas que Deus te dá de presente na vida.
Não custava nada, era pouco o esforço perto de tanta recompensa que recebia olhando no olho de cada um deles. Olhos azuis, verdes, pretos. Um mais lindo que outro, pelo menos no meu modo de vê-los. Eles eram lindos. Lindos por estarem ali comigo dividindo sua alegria de viver, ao menos naquele momento.
Chegavam de perua, vindos com um amigo nosso que se dispunha a transporta-los de longe somente para aquelas poucas horas. Ele sentava-se na sala e ficava conversando com minha vó, enquanto tudo aquilo acontecia.
Era bastante barulho, mas um som gostoso, de gente que estava se realizando enquanto criança, dado que a vida deles era bastante dura durante a semana. A maioria deles trabalhava apesar de ser menor de catorze. Ou ficava na rua. A brincadeira do "macaco disse" era só no sábado.
Lá eles saiam e entravam do jogo. Na vida real, a condição económico-social os tirou a possibilidade de só brincar.
E ao pensar na realidade de cada um deles, devia agradecer a Deus o fato de ter estudado e brincado bastante enquanto criança, e não reclamar, porque naquela idade que estava já era hora de trabalhar, também.
Não que eu não pudesse brincar. Tanto que fazia, e isso aliviava meu estresse semanal. Enchia-me de orgulho de estar ajudando a direcionar a vidinha de cada uma daquelas crianças.
Direcionava a vidinha delas para o caminho próprio à suas idades: brincar.
Brincar, brincar, brincar.
Com eles, o macaco sempre dirá: brincar.
Enquanto eu puder, o macaco dirá que TODA criança tem o direito de brincar.
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